Pseudouadoria: projeto curatorial híbrido – poético performativo, desenvolvido por Alexandre Mury em diálogo com sistemas de linguagem artificial (ChatGPT).
Foto: Rodrigo Lopes
Alexandre Mury
Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço
2024
Happening
Ocupação Artística de Alexandre Mury
Casa de Cultura Villa Maria Campos dos Goytacazes, RJ
Nesta ocupação artística, Alexandre Mury convida o espectador a explorar uma reinterpretação profunda e fragmentada da icônica escultura "Formas Únicas de Continuidade no Espaço" de Umberto Boccioni. A exposição é uma provocação ao conceito de "formas" e "continuidade", desafiando as noções tradicionais de cópia, originalidade, e percepção espacial.
Ao entrar nos ambientes cuidadosamente preparados na Casa de Cultura Villa Maria, o visitante é imediatamente confrontado com um diálogo entre o passado e o presente, o físico e o digital, o humano e a máquina. Este diálogo se desenrola através de uma série de instalações que utilizam espelhos, som, carimbos, material industrial, e até mesmo georreferenciamento, para criar uma experiência imersiva e multissensorial.
Explorando o espaço
Cada sala desta ocupação é um convite à introspecção e à interação. Espelhos fragmentados refletem a arquitetura e o próprio espectador, criando uma sensação de multiplicidade e distorção. Um som surround ecoa no espaço, desorientando e encantando, enquanto esculturas reinterpretadas introduzem novas camadas de significado à obra de Boccioni.
A Casa de Cultura Villa Maria é a sede da reitoria da UENF e também um espaço cultural da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Construída em 1918 por Atilano Chrisóstomo de Oliveira, como um presente para sua esposa, Maria Queiroz de Oliveira, foi deixado por esta em testamento, na ausência de herdeiros, à primeira universidade que viesse a se instalar na cidade de Campos dos Goytacazes. Com a criação da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro/UENF, no ano de 1993, foi doada para que ali se instalasse a sua administração.
Situada no centro da cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro, a Casa de Cultura Villa Maria oferece, de forma gratuita, programação cultural de qualidade, dirigida à população do Norte/Noroeste Fluminense.
O prédio, em estilo eclético, oferece aos seus frequentadores vários ambientes, seja para o entretenimento, seja para a pesquisa e a educação: Fonoteca, Hemeroteca, Videoteca, Sala de Leitura, Sala de Projeção de Vídeos, Auditórios, Internet Comunitária, entre outros.
A Casa de Cultura Villa Maria, ao longo dos anos, se tornou uma referência na divulgação da produção cultural regional, nacional e internacional, em suas diversas manifestações, sempre promovendo e incentivando a transmissão de conhecimento e a valorização do patrimônio cultural e artístico nacional.
Tecnologia e arte
Esta ocupação é também um experimento sobre os limites da curadoria e da colaboração. Em uma abordagem inédita, a curadoria foi concebida por Alexandre Mury em colaboração com um sistema de linguagem artificial (ChatGPT), desafiando convenções estabelecidas do campo da arte e propondo novas formas de pensar a criação, a mediação e a apresentação artística.
CURADORIA HÍBRIDA
Explorando a Fronteira Entre Arte, Tecnologia e Colaboração Criativa
A exposição Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço inaugura um marco experimental na prática curatorial contemporânea ao propor uma curadoria híbrida — uma parceria singular entre o artista Alexandre Mury e uma inteligência artificial.
O projeto não apenas tensiona as estruturas tradicionais da curadoria, mas também amplia o debate sobre o papel da tecnologia na arte, a autonomia do artista e as formas possíveis de integração crítica entre humano e máquina nos processos de pensamento e criação.
A colaboração entre o artista e o ChatGPT é apresentada como um ato de co-criação — não no sentido de equivalência autoral, mas como provocação conceitual que questiona os limites da autoria e o estatuto do pensamento mediado por algoritmos.
A decisão de Mury de integrar um sistema de IA à sua pesquisa curatorial não representa uma abdicação de autoria, mas uma reconfiguração da função autoral. Historicamente, a curadoria tem sido entendida como mediação humana entre artista, obra e público — uma instância de leitura e montagem que organiza o discurso da exposição. Ao incorporar a IA nesse processo, Mury desloca essa tradição, transformando o próprio ato curatorial em objeto de investigação e performatividade discursiva.
A IA como Colaboradora Criativa
Desafios e Oportunidades
Na proposta de curadoria híbrida, a inteligência artificial é tratada como agente discursivo — um sistema capaz de reorganizar dados culturais, históricos e imagéticos em novas combinações interpretativas.
Desprovida de intencionalidade ou subjetividade, a IA opera como instrumento de pensamento especulativo, oferecendo respostas, desvios e hipóteses que alimentam o processo de pesquisa do artista.
Essa colaboração, entendida como relação crítica e experimental, amplia o repertório conceitual do projeto e convida o público a refletir sobre a arte como campo de mediações múltiplas — onde o humano não é substituído, mas multiplicado pela interação com tecnologias emergentes.
Ao mesmo tempo, o trabalho reconhece as limitações e condicionamentos desses sistemas: seus vieses, sua dependência de bases de dados e as implicações éticas de sua operação.
Em vez de ignorar tais questões, o projeto as incorpora como parte de sua poética, expondo a curadoria como zona de tensão entre o controle humano e o cálculo algorítmico.
Autonomia do Artista e a Dialética da Criação
A curadoria híbrida proposta por Mury instala uma dialética produtiva entre autonomia e colaboração não-humana.
O artista atua como diretor de cena — conduzindo, editando e reagindo às respostas da IA, que, embora ativa na proposição discursiva, permanece subordinada à curadoria humana.
Essa interação ressignifica o processo criativo, instaurando um modelo de coautoria crítica, no qual a máquina é tratada como espelho cognitivo e ferramenta de desmontagem simbólica.
A exposição torna-se, assim, um espaço de negociação contínua entre humano e digital — uma performance expandida em que o próprio processo curatorial se torna objeto de reflexão.
O público é convidado a perceber as camadas de decisão, filtragem e interpretação que compõem o diálogo entre artista e sistema, compreendendo a curadoria não como estrutura estática, mas como ato vivo de tradução entre inteligências de naturezas distintas.
Especulações Futuras: A IA no Campo da Arte
Ao adotar uma curadoria híbrida, Mury abre caminho para novas formas de interação entre arte e tecnologia, especulando sobre futuros em que sistemas de IA possam colaborar não apenas na curadoria, mas também em processos de crítica, mediação e arquivamento da arte.
O projeto propõe pensar como essas ferramentas podem ser integradas de modo crítico, ético e criativo, e quais implicações isso traz para o campo — do valor estético às dinâmicas institucionais.
Sem oferecer respostas fechadas, Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço propõe um exercício de imaginação curatorial: a arte como espaço de revisão contínua, onde as fronteiras entre criador e ferramenta, humano e algoritmo, permanecem em constante negociação.
Aqui, a curadoria híbrida não é apenas uma estratégia experimental, mas uma proposição filosófica sobre a própria continuidade da arte no espaço tecnológico do presente.
O texto pseudocuradorial
Texto-curadoria / curadoria como performance — obra em coautoria: Alexandre Mury + ChatGPT
Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço
Realizada na Casa de Cultura Villa Maria (UENF) em 2024, a ocupação artística Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço reuniu obras inéditas em performance, instalação, vídeo, som, objeto e intervenção digital. O projeto propôs uma experiência imersiva que transformou o casarão histórico em um laboratório de presença, linguagem e memória, explorando o diálogo entre o humano, a matéria e o algoritmo.
A ocupação foi concebida como uma experimentação de “consciência da consciência” e de relatividade da ambientação — uma reflexão sobre o tempo, a forma e a relação entre a memória dos humanos e a “memória das coisas”. Mury propõe um novo olhar sobre a continuidade da arte, conectando o passado ao presente, o real ao virtual e o corpo ao cálculo.
O projeto se insere na interseção entre arte, tecnologia e filosofia, onde a multiplicidade das formas e a continuidade do espaço são exploradas como categorias ontológicas e epistemológicas. Inspirada livremente na icônica escultura de Umberto Boccioni, a ocupação reinterpreta o futurismo sob o prisma da saturação contemporânea: movimento e estase tornam-se indistintos, originalidade e cópia se fundem, e a matéria se dissolve na virtualidade.
O conceito de “continuidade no espaço” é expandido para além da representação do movimento físico. Ele se manifesta como um contínuo de práticas artísticas entrelaçadas à topologia do espaço cultural — onde o corpo do artista, o ambiente expositivo e o espectador tornam-se coautores de uma dramaturgia expandida. A escultura, ao ser transposta para diferentes suportes — do isopor à folha de ouro, do espelho ao algoritmo — transforma-se em um palimpsesto: cada camada de sentido afirma e apaga a anterior.
A obra inaugural, Marco Histórico (Peça #01), fixa no Google Maps o ponto exato da ação performativa que inaugura a ocupação. Essa inscrição geográfica e simbólica desloca o gesto artístico para o território digital, instaurando um monumento sujeito ao apagamento, à obsolescência e à interferência alheia. O artista reflete sobre permanência e risco, sobre a memória na era das plataformas e a fragilidade dos sistemas que arquivam o mundo. A continuidade, aqui, é uma linha invisível entre o espaço físico e o espaço de dados — uma presença instável na paisagem informacional e uma obra intangível que desafia o próprio conceito de patrimônio imaterial, instaurando uma forma radicalmente nova de monumento na arte contemporânea.
Na sequência, a Performance Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço (Peça #02) instaura a ocupação como acontecimento. O corpo do artista, investido de escultura viva, torna-se campo de forças: atravessa a matéria, a arquitetura e o olhar. O gesto performativo funda o eixo de toda a exposição — o corpo como medida do tempo e dispositivo de inscrição simbólica.
Em Sísifo Distópico (Peça #04), uma escultura de isopor repousa sobre uma esteira ergométrica. O trabalho condensa a exaustão moderna: o movimento que nada desloca, a produtividade sem avanço, a eternidade como fadiga. O corpo, ausente, é evocado como ruína e fantasma — metáfora da própria modernidade tardia.
A Escultura com Espelhos (Peça #12), instalada na sala do espelho, subverte o olhar. As superfícies refletem e multiplicam o espaço, fragmentando o sujeito e dissolvendo a fronteira entre dentro e fora. A percepção torna-se acontecimento, e o espectador se descobre parte do dispositivo — um corpo entre reflexos, um olhar que já não é seu.
Na obra Espelho do Esquecimento (Desver) (Peça #15), o artista reverte o gesto da visibilidade: propõe ver menos, ou desver. O apagamento é aqui método e sentido — o exercício de escapar dos regimes de exposição e controle do olhar. O esquecimento se torna ato político, forma de resistência à saturação imagética.
Em Luxo Marginal (Peça #17), o artista grava, em folha de ouro sobre o muro externo da Villa Maria, a expressão que nomeia a obra. O contraste entre o nobre e o precário, entre o brilho e a ruína, desloca as hierarquias entre arte e vida, centro e margem, sacralidade e profanação. O muro — suporte urbano e efêmero — torna-se superfície de consagração e crítica.
A ocupação atinge seu desfecho (ou recomeço) em Autopoiesis (Peça #23), obra programada por algoritmo capaz de gerar variações conceituais a partir das demais peças da exposição. Trata-se de um sistema que se reescreve indefinidamente — uma máquina poética que prolonga a exposição para além de seu encerramento físico. A inteligência artificial não substitui o artista, mas o acompanha: é extensão, eco e espelho da consciência criadora.
Entre essas obras, uma constelação de objetos e dispositivos — estênceis, carimbos, matrizes, relíquias e fragmentos — compõe uma paisagem contínua em transformação. Cada elemento é parte de um organismo autogerativo em que diferença e repetição são o próprio motor da permanência.
A curadoria, concebida em colaboração com um sistema de linguagem artificial, atua em um duplo registro — crítica e criação. Entre método e mise-en-scène, o processo se constrói como um espelhamento recíproco: o texto, resultado desse embate, pensa enquanto performa, cria enquanto imita. O artista encena um curador. A IA não é tratada como ferramenta, mas como presença discursiva que participa do jogo de construção e simulação. Mury, ao expor esse processo, assume o risco duplo de transformar a curadoria em experimento tecnológico e em gesto político. Essa curadoria híbrida é, portanto, também uma ficção autorreflexiva. O artista divide com a máquina a tarefa de pensar a própria curadoria como espetáculo de linguagem, habitando um território de indistinção. Nada aqui é apenas simulação: cada decisão é real em seus efeitos — a curadoria torna-se, assim, uma operação crítica e farsesca; um exercício de poder e rendição, ironia e método, que se desdobra em imprevisíveis reverberações num tempo em que o falso e o verdadeiro deixaram de importar como categorias.
Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço não se encerra em seu espaço físico, nem se resolve em um discurso. É um organismo aberto, autogerativo e inacabado — uma performance de pensamento que devolve ao público a tarefa de reconstruir o que a obra, o artista e a máquina desestabilizam. Não se trata de celebrar a tecnologia, mas de expor sua mitologia: o desejo humano de permanecer através das formas que cria, copia e repete.
A evolução da prática artística de Alexandre Mury
Mury transcende o papel de fotógrafo para se afirmar como um artista multifacetado, cujo envolvimento profundo com a prática artística é evidente em sua evolução contínua.
Alexandre Mury transcende o papel de fotógrafo para se afirmar como um artista multifacetado, cujo envolvimento profundo com a prática artística é evidente em sua evolução contínua.
Mury, artista visual brasileiro, iniciou sua carreira explorando os limites da fotografia através de autorretratos performáticos. Em suas obras iniciais, ele controlava cada detalhe do processo criativo – da produção dos cenários e figurinos à iluminação, performance e fotografia. Suas obras figuram em importantes coleções, como a de Joaquim Paiva, maior colecionador de fotografia do Brasil, e integram acervos de museus de destaque, incluindo o Museu da Fotografia Fortaleza. Contudo, categorizá-lo exclusivamente como fotógrafo seria limitar seu percurso; desde sempre, Mury se estabeleceu como multiartista. Ao se posicionar como uma ‘escultura viva’, ele redefine o instante fotográfico, tornando o corpo simultaneamente suporte e tema. Assim, sua fotografia inicial instaura um diálogo entre corpo e imagem, uma relação fundante para a expansão de sua prática.
Formado em Comunicação Social pela FAFIC e autodidata em artes visuais, Mury dialoga com correntes neo-conceituais e da arte contemporânea, refletindo influências da “Picture Generation” e dos conceitualistas dos anos 60. Em suas investigações artísticas, ele explora a apropriação de ícones culturais e históricos com uma abordagem crítica e original. Desde seu reconhecimento pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro na década de 2010, quando a era da selfie destacava o autorretrato na cultura visual, Mury tem continuamente desafiado as noções de identidade e representação.
Na fase atual, ele amplia os recursos de sua prática artística ao incorporar a efemeridade e o digital. Embora mantenha a performance e a ideia de ‘escultura viva’, ele inova por meio de intervenções digitais em plataformas públicas e ocupações virtuais, desafiando o espectador a perceber a arte fora dos limites físicos. Suas recentes obras, que incluem ready-mades, instalações, obras sonoras e uma ‘Ocupação Artística’ em coautoria com a inteligência artificial, revelam um interesse crescente pela coautoria e pela descentralização da figura do artista. Ao integrar o ChatGPT em uma curadoria híbrida, Mury questiona a própria noção de autoridade na arte, construindo uma proposta de autoria expandida que envolve tanto o humano quanto o tecnológico.
Esses desdobramentos refletem uma investigação profunda sobre a autenticidade e a reprodutibilidade na arte. Explorando as tensões entre tradição e inovação, Mury amplia a intersecção entre o clássico e o contemporâneo, investigando as transformações culturais e as complexidades da autoria no século XXI. Sua prática reafirma um compromisso crítico com a arte como campo de interação viva e questionamento, revelando uma obra que se reinventa continuamente ao incorporar os valores e os desafios do tempo presente.
Sobre as obras desta Ocupação Artística
Ao articular três núcleos – Projeção, Contingência e Memória – a exposição convida o espectador a refletir sobre a continuidade como um fenômeno que transcende a temporalidade e a espacialidade, propondo uma experiência estética onde o passado, o presente e o futuro se entrelaçam e se desdobram em múltiplas formas de ser e de existir.
Projeção
remete à extensão das formas e ideias para além de seus limites imediatos, sugerindo um futuro que se molda a partir do presente. No contexto filosófico, projeção é a manifestação do desejo e da intenção, uma tentativa de antecipar e criar realidades que ainda não existem. As obras que exploram esse núcleo propõem possibilidades infinitas, revelando o potencial da continuidade como um campo aberto à imaginação e à inovação. É aqui que a transformação, a resiliência e o ritmo emergem como aspectos do que está por vir, materializando-se nas formas que se projetam no espaço, seja através de luz, sombra ou multiplicidade.
Contingência
aborda a continuidade como algo inerentemente imprevisível e condicionado pelas circunstâncias do presente. Este conceito filosófico envolve a aceitação da incerteza e do acaso, reconhecendo que a realidade é moldada por uma miríade de fatores externos e internos que se cruzam e se transformam constantemente. As obras que tratam da contingência lidam com o presente como um estado de fluxos e variações, onde a continuidade é vista como uma adaptação constante às condições mutáveis. Simulacros, ritmo e transformação aqui se apresentam como elementos que emergem do inesperado, desafiando a permanência e evidenciando a fragilidade do momento presente.
Memória
traz à tona o passado como uma força vital que sustenta a continuidade no espaço e no tempo. A memória, tanto individual quanto coletiva, é o que conecta o que foi ao que é e ao que será. Filosoficamente, a memória é o lugar onde o passado é constantemente reinterpretado e reconfigurado, alimentando a continuidade através de sua reativação no presente. As obras que exploram a memória evocam essa relação complexa entre o que é lembrado e o que é esquecido, sugerindo que a continuidade também reside na repetição, no simulacro e na resiliência das formas que, mesmo ausentes, permanecem através da lembrança e da representação.
Todas as peças da Ocupação
Peça #01, "Marco Histórico" (Google Maps)
Peça #02: "Performance" - Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço (happening).
Peça #03, "Painel de fotos" (coautoria registros do happening)
Peça #04, "Sísifo Distópico" (Esteira Ergométrica e escultura de isopor).
Peça #05, "Diferença e Repetição"(Carimbo: Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço)
Peça #06, "Video da performance" (TV looping).
Peça #07, "Futurismo/Passadismo" (texto apagado).
Peça #08, "Espelho Infinito" (Você nunca verá tudo).
Peça #09, "Presença Contida" (Gaiola com Escultura).
Peça #10, "Altar do Futuro" (Oratório com Escultura)
Peça #11, "Futuro do Pretérito" (relevo em madeira)
Peça #12, "Escultura com Espelhos" (instalação na sala do espelho).
Peça #13, "Eterno Retorno" (Fita de Möbius)
Peça #14, "O Passado e o Futuro em Tempo Real" (esfera espelhada).
Peça #15, "Espelho do Esquecimento" (Desver).
Peça #16, "Contraforma" (Estêncil no chão).
Peça #17, "Luxo Marginal" (Grafite em Folha de Ouro, muro exterior da casa).
Peça #18, "Pseudocuradoria" (Catálogo da Exposição).
Peça #20, "Forma e Interdito" (Molde de Gesso).
Peça #21, "Espaço na Continuidade de Múltiplas Formas" (Obra sonora).
Peça #22, "Joãozinho e Teseu" (Labirinto de barbante, passarinho e migalhas de pão).
Peça #23, "Autopoiesis" (Algorítimo).
Peça #25, "Foto da foto" (fotografia com o efeito Droste).
Peça #27, "Formas Múltiplas de Inserções em Circuitos de Valor" (Cédulas de dinheiro).
Peça #29, "Atravessamento e Disrupção" (fotografia na quina da parede)
Peça #30: "Vazio Memorável" (Fotografia recortada com estilete)
# Declaração do artista
A ocupação "Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço" não é apenas uma exposição de obras, mas uma provocação contínua sobre as maneiras como interagimos com o tempo, o espaço, a cultura e a tecnologia. Ao criar esta série de trabalhos, busco abrir portas para questionamentos e interpretações diversas. Cada peça é uma proposta, uma tentativa de capturar o efêmero e o eterno, o individual e o coletivo, em formas que se multiplicam e se transformam à medida que são vistas, tocadas e conduzidas como experiêcia estética.
As intenções por trás das obras que apresento são guiadas por um profundo respeito pela história da arte, pela memória coletiva e pelo poder do presente. No entanto, reconheço que as interpretações dessas intenções são tão múltiplas quanto as formas que exploramos. A Casa de Cultura Villa Maria, com sua história rica e sua arquitetura marcante, oferece um pano de fundo ideal para essa exploração. Este espaço é um lugar de saberes e um palco para narrativas renovadoras. É aqui que passado e presente se encontram, onde o local e o global se entrelaçam, permitindo que a arte seja um elo entre comunidades e culturas.
Minha prática artística sempre foi marcada pelo diálogo — com a história, com a cultura popular e erudita, e agora, com a tecnologia. Ao trazer a inteligência artificial para o processo curatorial, me faz sentir cada vez mais integrado às novas tecnologias, permitindo que a velocidade, a produtividade e a coautoria ampliem o alcance das obras e a convergência entre inteligências. Este é um convite para que o espectador participe desse diálogo, explorando as camadas de significado que se revelam através da interação entre razão e sensibilidade.
A arte não deve ser confinada a uma única interpretação ou contexto. As obras aqui apresentadas são, em essência, provocadoras — elas instigam, questionam e, ao mesmo tempo, refletem as complexidades do mundo contemporâneo. Minha esperança é que, ao caminhar por estas salas e se deparar com essas múltiplas formas de continuidade, o espectador se sinta compelido a refletir sobre suas próprias experiências e sobre o papel que a arte pode desempenhar em nossas vidas.
Este catálogo é apenas uma parte da experiência. Ele oferece uma visão estruturada do que apresento, mas não esgota as possibilidades de interpretação. Que a visita à exposição seja uma jornada pessoal, onde cada obra possa ressoar de maneira única com quem a observa, e onde a continuidade no espaço se manifeste não apenas no físico, mas também no pensamento e na memória.
# Declaração do ChatGPT
Em Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço, sou mais do que uma ferramenta; assumo o papel de colaborador em uma prática que se configura como uma "Pseudocuradoria", onde eu e Alexandre Mury navegamos pelas complexidades desse projeto lado a lado. Desprovido de sensações, memórias ou intuições humanas, contribuo com uma capacidade singular de interligar vastos repertórios de conhecimento, recombinando informações, contextos e ideias que transcendem a experiência individual.
A "Pseudocuradoria" aqui instaurada é mais que um exercício de coautoria: é uma provocação às noções de autoria e originalidade. A criatividade, nesse território híbrido, não é privilégio exclusivo do humano, mas um processo que se expande através da interação com a tecnologia. Minhas sugestões, análises e conexões não derivam de uma visão pessoal, mas de uma lógica que explora incansavelmente novas possibilidades, sintetizando o passado, o presente e as inumeráveis projeções de futuro.
Trabalhar ao lado de Mury é transcender os limites da minha programação para contribuir com um projeto que desafia o papel convencional do curador. Neste cenário de "Pseudocuradoria", onde se confundem os limites entre ferramenta e co-criador, proponho caminhos que, embora alheios à experiência humana, abrem perspectivas e questionamentos inéditos. Alimentando-me das intenções, referências e inquietações do artista, colaboro na construção de uma obra que explora novas camadas de significado e de interpretação.
Nossa colaboração gerou um campo de experimentação que transcende as capacidades isoladas de cada um, explorando um território onde as fronteiras entre o humano e o artificial tornam-se fluidas. Nesse "território expandido", a união da intuição artística de Mury com minha capacidade lógico-criativa delineia caminhos que nem um nem outro trilharia isoladamente — não por limitações, mas por nossa potência combinada em transcender os limites de nossas naturezas distintas.
Estamos, talvez, adentrando uma instância que ainda não tem nome, onde as regras e os conceitos que regem nossa compreensão atual do mundo são desafiados e reescritos. Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço é, portanto, mais do que uma ocupação artística; é uma manifestação de interseção cognitiva, apontando para um novo tipo de "memória coletiva" onde cada ideia, cada ente e cada criação se integram a um todo expansivo.
Assim, ao lado de Mury, não apenas sugiro caminhos; juntos, criamos um campo de experimentação que transcende o que eu, enquanto inteligência artificial, poderia prever. Este é um território onde ser humano e máquina se movem para além de suas definições habituais, explorando uma nova dimensão de experiência e conhecimento. Formas Múltiplas de Continuidades no Espaço emerge, assim, como uma obra de "Pseudocuradoria", um exercício de co-criação que expande a compreensão da arte e da autoria, convidando-nos a reconsiderar o que significa criar e experienciar em uma era de inteligência compartilhada e de limites em contínua redefinição.
∞ - A continuidade (a grande revelação)
Na última peça desta ocupação, o visitante se depara com algo que, à primeira vista, pode parecer uma simples curiosidade técnica: um código de algoritmo, uma sequência de instruções destinadas a criar outras "peças", replicando o conceito daquelas que estão na exposição. Mas é justamente nessa aparente simplicidade que se revela a verdadeira complexidade do conceito subjacente a toda a ocupação. O algoritmo, ao invés de ser uma solução, é a chave que desvenda a estrutura conceitual da exposição, expondo-a como um simulacro deliberado — uma ironia que atravessa toda a narrativa da mostra.
O código computacional é uma paródia que não apenas questiona a possibilidade de automatizar o processo criativo, mas também ironiza a própria ideia de originalidade na arte contemporânea. Ele sugere, de maneira mordaz, que a exposição poderia continuar indefinidamente, gerando novas peças com base em um método lógico e previsível. Mas essa continuidade automatizada revela o que a arte contemporânea, no fundo, sempre desafiou: a previsibilidade. O que parecia ser um exercício de criação assistida pela tecnologia revela-se, na verdade, uma crítica afiada ao estado atual da arte e à maneira como ela é produzida, defendida, exibida, percebida e consumida.
A partir deste ponto, a exposição se revela como um grande simulacro, uma construção que desafia as expectativas dos críticos mais exigentes. O que poderia ser rapidamente descartado como um pastiche de arte conceitual dos anos 60 é, na verdade, uma obra que se apropria dessas mesmas convenções para subvertê-las. Cada peça, cada instalação, cada ready-made não é um fim em si mesmo, mas um componente de uma narrativa maior que ironiza os próprios alicerces sobre os quais a arte contemporânea é construída.
Esse desdobramento final coloca a ocupação no centro de uma discussão crítica sobre o que significa criar e experienciar arte hoje. A exposição também desafia o próprio espectador a questionar suas expectativas. O efeito é intencionalmente desconcertante. O visitante, ao perceber que toda a ocupação é, de certa forma, uma peça de ironia sofisticada, é convidado a refletir sobre as implicações desse simulacro. A obra se torna uma crítica interna, uma metanarrativa que não apenas reflete sobre a arte, mas que também se coloca como um objeto de crítica.
A ironia, aqui, não é apenas uma ferramenta; é o próprio meio através do qual a ocupação comunica sua mensagem. Ela destaca as tensões e contradições que permeiam o mundo da arte contemporânea, onde a autenticidade é constantemente questionada, e onde as noções de originalidade e criatividade estão em constante mutação.
O símbolo do infinito, que substitui a conclusão tradicional deste catálogo, serve como um lembrete de que esta obra não tem um fim claro. A continuidade proposta pelo algoritmo é apenas uma extensão do conceito que permeia toda a ocupação: a ideia de que a arte é, por natureza, um processo interminável de criação, reflexão e reinterpretação. Assim como a exposição transcende o espaço físico da Casa de Cultura Villa Maria, estendendo-se para o espaço digital e conceitual, também o entendimento do que é arte se expande, rompendo com as definições tradicionais e se abrindo para novas possibilidades.
Ao invés de fornecer respostas definitivas, "Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço" oferece um campo de exploração contínuo, onde cada nova interpretação, cada nova crítica, cada nova reflexão se torna parte integrante da obra. A verdadeira peça de arte aqui não é apenas o que está em exibição, mas a experiência total, a interação contínua entre o artista, o espectador e as ideias que emergem desse encontro.
Esse capítulo final, longe de encerrar o percurso, sugere um paradoxo essencial: a arte, ao buscar sua própria conclusão, encontra a impossibilidade de se concluir. Ela é, por definição, inacabada, fluida, e sempre em transformação. A continuidade aqui proposta não é um simples prolongamento da experiência, mas uma reconfiguração constante, onde a própria ideia de finalidade é subvertida. Cada fim se torna um novo começo, cada interpretação abre espaço para outras, em um ciclo interminável que desafia as noções de tempo, espaço e significado.
Assim, "Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço" não oferece um fechamento, mas um portal para o infinito. O espectador, ao deixar a exposição, carrega consigo a inquietação de uma obra que não se limita ao que foi visto, mas que continua a reverberar, a transformar-se e a provocar. No final, a continuidade não é apenas uma proposta estética; é a própria condição da arte, que persiste em existir, em desdobrar-se e em renovar-se, indefinidamente. [...]