Detalhes / OBRA DE ARTE
Título: Big Sue
Criador: Alexandre Mury
Data de criação: 2013
Tipo: fotografia
Meio: C-print (impressão cromogênica)
Período da Arte: Contemporâneo
Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática
Assunto: autorretrato, releitura, pão, sofá, corpo reclinado
Obras Relacionadas: "Benefits Supervisor Sleeping (Big Sue Tilley)", 1995, Lucian Freud
Artistas Relacionados: Lucian Freud
⚿ Palavras-chave
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"Big Sue" é uma obra fotográfica de Alexandre Mury que transita entre a Arte Conceitual e a Performática. A obra propõe uma revisitação crítica ao retrato de Sue Tilley, "Benefits Supervisor Sleeping", de Lucian Freud, produzido em 1995.
O cenário cuidadosamente composto destaca um corpo reclinado em um sofá, enquanto o simbolismo do pão se apresenta como um elemento intrigante. O pão, por sua vez, transcende a mera metáfora do corpo, servindo como um dispositivo crítico para questionar as normas estéticas e sociais.
Ao explorar a interação entre a representação visual e a performance, Mury desafia a autonomia do objeto artístico; a presença do artista performando na obra cria uma dinâmica que busca subverter a relação entre o autor e a obra, propondo uma análise mais crítica e desconstrutiva.
"Big Sue" emerge como uma peça que lança um olhar questionador sobre as práticas estéticas contemporâneas. Ao estabelecer um diálogo com a obra de Freud, propõe uma instigante provocação, convidando o observador a repensar a natureza mutável da interpretação artística.
A Vênus de Willendorf é uma estatueta pré-histórica de uma figura feminina, esculpida em calcário. É uma das obras de arte mais famosas do Paleolítico Superior e representa uma figura feminina com características exageradas, como seios volumosos, barriga proeminente e órgãos genitais acentuados. Acredita-se que a estátua tenha sido utilizada em rituais relacionados à fertilidade.
Há várias estatuetas conhecidas como "Vênus" devido à associação com a deusa romana do amor e da beleza. No entanto, é importante destacar que essas representações pré-históricas foram criadas muito antes da mitologia romana e, portanto, não estão diretamente relacionadas a essa figura mitológica.
Entre tantas Vênus pré-históricas encontradas em diferentes partes do mundo são compartilhadas semelhanças estilísticas, como a ênfase nas características femininas e a idealização da figura feminina. Elas sugerem um possível propósito simbólico relacionado à fertilidade e à cultuação do feminino. No entanto, como essas obras foram criadas em sociedades pré-históricas sem registros escritos, a interpretação exata de seu significado permanece em debate entre os especialistas.
A estatueta Vênus de Lespugue é uma das mais complexas, foi encontrada na França em 1922. O antropólogo Yves-Coppens, publicou em 1989 um artigo intitulado "L'ambiguïté des Doubles Vénus du Gravettien de France", onde chama a atenção para o possível jogo ótico que existe na figura. De acordo com Yves, a estatueta seria a representação de duas mulheres e não só de uma.
A Vênus de Dolní Věstonice é uma das Vênus mais antigas já descobertas. Ela foi esculpida em cerâmica e possui características semelhantes às outras Vênus pé-históricas, como a ênfase nos seios e nas nádegas. Essa estatueta é notável por sua idade e pelo material utilizado na sua confecção.
A interpretação pessoal de Vênus por Botero sugere a atitude e a iconografia das Vênus da antiguidade, embora muitas destas mulheres sejam retratadas em cenas cotidianas. Botero estabelece uma conexão com a representação histórica da figura feminina; no entanto, ao situar essas figuras no contexto contemporâneo, ele rompe com a idealização tradicional dessas imagens e insere uma crítica sutil à sociedade contemporânea.
Ao celebrar a beleza das mulheres gordas, Botero também destaca a importância da inclusão e da aceitação de corpos diversos. Essas figuras repletas de curvas são retratadas com dignidade e orgulho. Botero convida o espectador a reconsiderar as noções convencionais de atratividade física e a questionar os ideais estereotipados de beleza.
O trabalho de Hans Bellmer refletia sua crítica à objetificação das mulheres, a desumanização e a perda da individualidade. Ele explorava os temas do erotismo e da violência para revelar os aspectos obscuros da psique humana. Hans Bellmer foi profundamente influenciado pelo movimento surrealista, que buscava explorar o inconsciente e o mundo dos sonhos. Bellmer frequentemente representava corpos fragmentados em suas obras, sejam bonecas ou fotografias de mulheres reais.
Sua série de bonecas, compostas por partes de corpos femininos dispostas de maneira estranha e deformada despertam emoções desconfortáveis com o propósito de questionar as normas e tabus sociais relacionados à sexualidade, à violência e aos desejos reprimidos. Do mesmo modo as fotografias de mulheres reais compartilhavam o mesmo objetivo crítico, utilizavando ângulos e perspectivas incomuns, distorcendo os corpos.
A fusão e a confusão entre o corpo e o sofá sugerem um colapso das fronteiras entre o eu e o mundo exterior, questionando a separação tradicional entre o sujeito e o objeto. Suas obras com corpos surreais feitos de feltro despertam uma mistura intrigante de fascínio, inquietação, ambiguidade e estranheza.
Tanning cria uma tensão intrínseca entre a familiaridade tátil do feltro e a desconcertante representação das figuras humanas. A fusão com o sofá sugere que o corpo humano é moldado e influenciado pelo ambiente em que habita, e, por sua vez, também tem o poder de transformar e modificar esse ambiente.
As esculturas de Tanning parecem capturar estados emocionais internos, personificando ansiedades, medos e desejos que muitas vezes são relegados ao reino do inconsciente. Os corpos retorcidos e fragmentados sugerem uma luta interna, uma batalha entre diferentes partes do self, criando uma atmosfera de desconforto e introspecção.
Exclama Dalí:
“O pão de Paris não era mais o pão de Paris. Era o meu pão. Pão de Dalí, pão de Salvador. Os padeiros já começavam a me imitar!”
______________Os pães aparecem, com notável frequência, ao longo da obra de Dalí em pinturas, esculturas, filmes, fotografias encenadas e aparições públicas.
Em sua autobiografia, o artista descreve o momento em que afirma ter decidido que o pão se tornaria o principal “assunto fetichista e obsessivo” de seu trabalho. Dalí descreveu o propósito de dar tangibilidade a ideias e fantasias de caráter delirante.
Salvador Dalí expande a iconografia do pão eucarístico, para o cômico, fálico e antropomórfico, como substituto animista, como sacramento cristão/daliniano, como metonímia do corpo.
O Pão fálico ereto envolto em um saco branco semelhante a um preservativo, é repuxado por algo como um cabresto, uma metáfora recorrente de Salvador Dali sobre a impotência sexual.
Giuseppe Arcimboldo é o único artista da época a fazer um tipo de pintura tendendo para o Surrealismo, um movimento artístico que só apareceria quatro séculos depois.
Para compor o retrato, ele usa a técnica de Trompe-l’œil, que consiste em criar ilusões de óptica utilizando frutas, flores e vegetais.
Picasso arrumou alguns croissants sobre a mesa, bem próximo aos braços, fazendo com que pareça ser suas mãos, que todavia, estavam escondidas.
Robert Doisneau foi um mestre da fotografia humanista e um pioneiro do fotojornalismo. Seu trabalho mostra seu entusiasmo pela vida cotidiana e pelos momentos inesperados, lúdicos e muitas vezes irônicos que a compõem.
As peças sempre únicas, em termos de 'cozimento', variando nos tons de pão queimado, saem dos fornos no formato de proporções reais. Matteo Lucca cria formas humanas.
A transitoriedade implícita no material, o pão, é uma ode à efemeridade. O artista assa a massa em enormes moldes artesanais, usando um forno especial para esse fim.
Numa perspectiva performativa e escultórica, Laura Aguilar expõe o próprio corpo que se torna um veículo para questionar a exploração, objetificação e violência. Seu corpo se impõe proeminentemente presente contrariando o que é comumente rejeitado pela sociedade por não se encaixar nos ideais socialmente construídos de beleza.
A artista visual, ativista, feminista, lésbica e chicana é conhecida por seus retratos, principalmente de si mesma e também focados em pessoas e em comunidades marginalizadas — assuntos latinos e pessoas obesas. Ao explorar continuamente sua própria vulnerabilidade, denuncia a linha tênue entre objeto e sujeito. Ela investiga os códigos corporais dentro da arte e elabora uma poética que não escapa de uma condição livre de julgamento.
A pintura mostra Eugenia Martínez Vallejo em um retrato nu, onde o corpo da menina de 6 anos é apresentado de forma franca e direta. O uso do termo "monstro" no título original ("La Monstrua Desnuda") indica uma atitude pejorativa em relação à aparência física de Eugenia, refletindo a maneira como a monarquia espanhola exibia pessoas com características incomuns para o entretenimento da corte.
Embora seja importante contextualizar e entender o significado histórico e cultural dessa pintura, é fundamental abordar a obra com sensibilidade e respeito, considerando a dignidade e os direitos da pessoa retratada. Apintura foi encomendada pelo rei Carlos II da Espanha. Atualmente, a obra exige a reflexão sobre a história da representação de corpos e a ética por trás do retrato.
O uso de telas em grande escala no trabalho de Jenny Saville desempenha um papel essencial na amplificação da presença física e emocional das figuras retratadas. Essas pinturas monumentais convidam o espectador a se confrontar com a materialidade do corpo e a considerar questões mais amplas relacionadas à identidade e representação feminina.
Ao criar pinturas de tamanho monumental, Saville proporciona uma experiência imersiva ao espectador,as proporções ampliadas das figuras nas telas proporcionam um senso de intimidade e detalhes minuciosos, revelando a textura da pele, a variação de tons e as nuances das formas corporais.
O artista John Isaacs questiona as construções sociais e confrontando expectativas coloca nossa identidade em xeque. A escultura de Isaacs oferece uma representação visceral e provocativa da luta interna enfrentada por muitos indivíduos em relação à sua autoimagem.
Ao combinar a abordagem hiper-realista com o título emocional, John Isaacs convida o espectador a explorar a dimensão subjetiva da experiência humana. "I Can't Help the Way I Feel" é uma obra de arte que transcende a mera representação física enfatizando a importância dos aspectos emocionais e psicológicos que moldam nossa relação com nossos corpos e nossa identidade.
Detalhes minuciosos, como pernas horrivelmente inchadas, veias inflamadas e feridas manchadas e irritáveis, reforçam a mensagem transmitida, ampliando a realidade física tanto da obra quanto do espectador. No entanto, essa escultura vai além de representar simplesmente a obesidade física tal como é percebida por clínicos ou pelo público em geral. Apesar de seu estilo hiper-realista, ela consegue ser uma forma abstrata altamente idealizada.
A temática central presente em todas as obras de Emil Alzamora é a representação de formas distorcidas do corpo humano. O seu interesse declarado na exploração do exagero e da distorção ilustra situações específicas, conforme sugerido pelos títulos das obras, e evoca determinadas emoções ou reações nos espectadores.
A forma humana é uma constante no trabalho de Alzamora, ele torna visível a interação entre situação emocional ou física para contar uma história. O artista ressalta a complexidade da condição humana, sugerindo que nossas limitações e capacidades estão entrelaçadas com nossa natureza física, mas também transcendem o aspecto material.
A fantasia de látex criada para a performance "A Fashion Show of Body Parts" na Hamilton Gallery em Nova York em 1978 é um traje de cor bege equipado com grandes protuberancias arredondadas na frente - parecem mamilos ao mesmo tempo que evocam associações com testículos. Na ocasião, o historiador da arte Gert Schiff participa desta performance; vestido com este traje biomórfico mostra-se uma personagem com clara “dualidade de género”, que é um traço característico da obra.
Este traje lembra o estranho corpo da deusa da fertilidade — Ártemis de Éfeso, com fileiras de pesados e proeminentes testículos de touro em seu peito. Os testículos do touro de Ártemis de Éfeso parecem seios multiplicados, a forma feminina da deusa desaparece sob seu peso e forma abundante.
Essa peça lúdica e sensorial desafia as noções tradicionais de funcionalidade e permanência na arte e no design ao introduzir o pão, um elemento perecível, como material central. Gohar, conhecida por transformar a comida em uma forma de expressão artística, apresenta "LOAF" como uma provocação. Ao usar brioche, ela confronta o público com um objeto que, embora remeta ao conforto, é ao mesmo tempo vulnerável ao toque e à passagem do tempo.
A escolha do material transforma a interação em uma experiência efêmera: a poltrona, que inicialmente possui uma forma completa, é aos poucos desconstruída, pedaço a pedaço. Ao transformar o pão em mobiliário, ela também comenta sobre o uso da comida como meio de comunicação, desafiando fronteiras entre arte, culinária e design. A peça atua como um "trompe l'oeil" que brinca com a percepção e simboliza a fragilidade da experiência humana, enquanto questiona a longevidade da obra de arte e o desejo de preservação.
A série de trajes voluptuosos que estranhamente evocam a complexidade escultural da musculatura humana com suas formas orgânicas, carnudas, flácidas e em tons pastéis. A vestimenta é feita de camadas de enchimento e jersey esticado que Collingridge tingiu e coseu à mão laboriosamente.
Desde que se formou em design de moda, a prática de Daisy Collingridge continuou a girar em torno de têxteis e manipulação de tecidos, mas se desenvolveu nos domínios da escultura e da performance.
A artista Berna Reale veste uma fantasia que oculta os traços individuais e cria volumes exagerados em zonas erógenas do corpo formando protuberâncias disformes e irreais. A caracterização de diferentes personas, ou personagens faz parte da prática de Reale.
Lucian Freud desafia as noções de poder e voyeurismo associadas ao ato de retratar corpos nus. Suas pinturas são marcadas por uma igualdade entre o artista e o modelo, estabelecendo uma conexão humana e íntima. Ele cria um espaço onde a vulnerabilidade é celebrada e a dignidade de seus modelos é preservada. Freud não busca aperfeiçoar ou embelezar. Em vez disso, ele mergulha nas particularidades físicas de cada indivíduo, destacando imperfeições e peculiaridades.
Ao retratar Bowery em sua forma nua, Lucian Freud desafia as normas sociais e estéticas convencionais. A pele do modelo é retratada com uma atenção meticulosa aos detalhes, revelando cicatrizes, marcas e imperfeições. A figura imponente de Bowery ocupa a tela de forma dominante, desafiando o espectador a confrontar sua presença poderosa. Irônico para o homem que era famoso por suas fantasias.
A colaboração entre Bowery e o fotógrafo Fergus Greer resultou em um registro visual abrangente e autêntico do trabalho de Bowery como artista performático. Essas fotografias não apenas documentam suas performances, mas também capturam a essência de sua criatividade, ousadia e subversão.
Uma característica marcante dessas fotografias é o figurino elaborado usado por Bowery, eram verdadeiras obras de arte em si mesmas. O traje cobre completamente seu corpo, inclusive seu rosto, cria uma sensação de anonimato e despersonalização. Nesse contexto, o corpo de Bowery se torna uma escultura viva, uma entidade separada de sua identidade individual. Os figurinos usado por Bowery em suas performances criam imagens conflitante entre o grotesco e o fascinante.