O belo açougueiro | 2015

Detalhes / OBRA DE ARTE


Título: O belo açougueiro

Criador: Alexandre Mury

Data de criação: 2015

Tipo: fotografia

Meio: C-print (impressão cromogênica)


Período da Arte: Contemporâneo

Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática

Assunto:  fotografia de autorretrato,  releitura,  prótese mamária,  pente de cabelo, manequim, pintura corporal

Obras Relacionadas: "The Handsome Pork-Butcher", c.1924–6, c.1929–35 , Francis Picabia 

Artistas Relacionados: Francis Picabia 



  Palavras-chave

#autorretrato #releitura #tableauvivant #arteconceitual #arteperformatica #artecontemporanea #artebrasileira


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Procedência: Alexandre Mury Coleção Particular / Acervo Pessoal  de Obras de Arte
Direitos: © Alexandre Mury
obra de arte, Performance do artista encenando uma releitura da obra de Francis Picabia The Handsome Pork-Butcher c.1924–6, c.1929–35
Título da obra: O belo açougueiroCriador: Alexandre MuryData de criação: 2015Fotografia / Autorretrato performático© Alexandre Mury
obra de arte de Francis Picabia, O belo açougueiro, c.1924–6, c.1929–35, Tate
© ADAGP, Paris e DACS, Londres 2017


Francis PicabiaO belo açougueiroc.1924–6, c.1929–35 Tinta a óleo, pentes de plástico e pente de osso sobre tela92,4 x 73,7 cmTate London
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Os materiais e técnicas desta pintura engendram um retrato satírico feito com objetos do cotidiano —  como pentes, agulhas, aros de cortina e pontas de caneta, tudo embutido em tinta a óleo espessa.

A pintura "The Handsome Pork-Butcher" foi iniciada por Francis Picabia como uma colagem em c.1924-6 retratando o político conservador  Raymond Poincaré, presidente e primeiro-ministro da França —  que Picabia tanto desprezava. 

Cerca de uma década depois, Picabia pintou o contorno de um instigante rosto feminino diretamente sobre o primeiro retrato. Ao mesmo tempo que acrescentava novos detalhes, enfatizava os resquícios do primeiro rosto. 

Picabia parece ter se esforçado para criar um retrato duplo, com ambas as formas existindo em seus próprios planos, mas também interligadas e aparentemente inseparáveis.

obra de arte, George Grosz Lembre-se do tio August, o infeliz inventor (Souviens-toi de l'oncle Auguste, le malheureux inventeur) 1919
© A propriedade de George Grosz, Princeton, NJ / Adagp, Paris © Jacqueline Hyde - Centre Pompidou

George GroszLembre-se do tio August, o infeliz inventor(Souviens-toi de l'oncle Auguste, le malheureux inventeur)1919Óleo, lápis, papéis e cinco botões colados sobre tela49 x 39,5 cmCentre Pompidou

Com um grande ponto de interrogação na testa, enfeitado com colagens que mostram uma navalha, uma peça mecânica, uma câmara de ar de bicicleta e um brioche — George Grosz se pergunta sobre o papel da ciência e do progresso.

O título evoca o mal-estar de um inventor fracassado — "Lembre-se do tio August, o infeliz inventor" (com o subtítulo “Vítima da Sociedade”). A figura talvez seja um autorretrato, de quando Grosz  retorna da Primeira Guerra Mundial com um enorme sentimento de desgosto, onde se coloca e se vê como vítima de uma sociedade autodestrutiva. 

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obra de arte, Victor Brauner, Hitler, 1934, Centre Pompidou
© Adagp, Paris © Philippe Migeat - Centre Pompidou


Victor BraunerHitler1934óleo sobre cartão22 x 16 cm Centre Pompidou

Na violenta década de 1930, com a ascensão de Hitler ao poder, Brauner começa a se preocupar com o destino da Europa e de seu povo judeu. Talvez por isso quis retratar o ditador como o monstro ferido que era.

Victor Brauner estigmatiza a vulgaridade da barbárie representando tamanha violência no rosto dilacerado do personagem desfigurado por pregos, martelo, punhal, lança, anzol...

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obra de arte de René Magritte, O estupro (Le viol) , 1934, The Menil Collection
© C. Herscovici / Artists Rights Society (ARS), Nova York

René MagritteO estupro (Le viol) , 1934óleo sobre tela73,3 × 54,6 cmThe Menil Collection

De camisola cobrindo apenas o rosto, deixando o resto do corpo completamente exposto  —  é a cena traumática vivida por Magritte, aos 14 anos, ao reconhecer o corpo afogado, desnudado, da própria mãe, que cometera suicídio. Pode ter havido ressonância na realização desta pertubadora imagem — peitos como olhos, umbigo como nariz e pubis como boca.  Mas também lembra representações da deusa grega Baubo.

A pintura se apresenta como forma de expressão grotesca ou jocosa, expondo a objetificação do corpo feminino. Magritte evidencia perversão e sexismo mas declara no título da obra uma denúncia. Nota-se que o pescoço e a cabeça são bastante planos, quase fálicos. É o estupro em andamento, o pescoço —  ao mesmo tempo  falo penetrando a face e/ou monte púbico.

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