A Criação de Adão | 2012 

Detalhes / OBRA DE ARTE


Título: A Criação de Adão

Criador: Alexandre Mury

Data de criação: 2012

Tipo: fotografia

Meio: C-print (impressão cromogênica)


Período da Arte: Contemporâneo

Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática

Assunto: autorretrato, personagem bíblico, barro vermelho, corpo inteiro, Gênesis, 

Obras Relacionadas: "A criação de Adão"(1508-1515)Michelangelo Buonarotti

Artistas Relacionados:  Michelangelo Buonarotti




  Palavras-chave

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Procedência: Alexandre Mury Coleção Particular / Acervo Pessoal  de Obras de Arte
Direitos: © Alexandre Mury
Título da obra: A criação de AdãoCriador: Alexandre MuryData de criação: 2012Fotografia / Autorretrato performático© Alexandre Mury

Estudo para a Criação de Adão

Autor: Michelangelo Buonarotti, Técnica: sanguínea sobre papel, Estudo para A Criação de Adão

Michelangelo BuonarottiEstudo para a Criação de Adão1511sanguínea sobre papel193 × 259 cmThe British Museum

Michelangelo estudou intensamente o corpo humano, e este esboço representa a idealização da forma masculina; o desenho bem conhecido em giz vermelho prefacia o afresco final em que retrata Adão, símbolo da perfeição da criação de Deus. 

O recorte que compreende Adão na obra "A Criação de Adão" de Michelangelo é o de um homem nu, deitado de costas em um fundo escuro. Adão está com o braço direito estendido, enquanto o braço esquerdo está dobrado sobre o peito. Sua mão direita está quase tocando a mão de Deus, que é representado por uma figura idosa em um manto azul e cercada por anjos. O corpo de Adão é esculpido com precisão, revelando músculos definidos e uma postura elegante. Ele parece estar respirando, como se estivesse prestes a receber o sopro divino da vida. É um dos recortes mais icônicos e reconhecíveis da história da arte.

Michelangelo BuonarottiA Criação de AdãoData: 1508-1515Técnica: afrescoDimensões: 280 × 570 Localização: teto da Capela Sistina, Roma

A Criação de Adão é um detalhe que faz parte do teto da Capela Sistina. Ele ilustra a narrativa bíblica da criação segundo o livro de Gênesis, em que Deus cria Adão a partir do pó da terra e lhe dá a vida por meio do sopro divino, representando o primeiro homem. 


As figuras nos afrescos refletem as filosofias humanistas pessoais de Michelangelo. Ele acreditava que o corpo deveria ser celebrado como um reflexo tanto da beleza divina quanto da beleza da alma humana. 

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Apollonios, o atenienseTorso Belvederemármoreperíodo helenísticoMuseu Pio-Clementino

Michelangelo usou seu conhecimento anatômico e sua admiração pelo Torso de Belvedere para criar figuras que pareciam ter vida própria, com uma sensação de tensão e movimento. Para Michelangelo, o Torso de Belvedere representava a perfeição da anatomia humana e da forma física masculina. 


O Torso de Belvedere destaca a definição e o dinamismo da musculatura, abdominal, peitoral e dorsal formando uma composição perfeitamente proporcional e realista. Apesar de ser apenas um fragmento, o Torso de Belvedere ainda é considerado uma das mais importantes esculturas da antiguidade clássica, e continua a inspirar artistas e estudiosos até os dias de hoje.  


Autor desconhecidoO jovem imperador romano Augusto montando um Capricórnio.CamafeuAlnwick Castle, Northumberland, United Kingdom.

Alguns historiadores acreditam que a inspiração para a representação de Adão é a imagem em um pequeno relevo do retrato de Augusto César nu, montando em um Capricórnio.


Os braços são partes de Adão que não podem ser interpretadas como derivadas do camafeu. Pode ser esta a razão pela qual Michelangelo fez três estudos como mostra o desenho de Adão na coleção do The British Museum.

© The Trustees of the British Museum.

Projetado por PhidiasIlissos (um deus do rio)438BC-432BCEstátua de mármore, do frontão oeste do Partenon, Atenas, Grécia81cm x 189cmBritish Museum

A representação de Adão, assim como todos os nus feitos para a Capela Sistina, demonstram a influência da escultura antiga. Michelangelo claramente se baseia em exemplos clássicos para seu trabalho. Este nu masculino reclinado do Partenon oferece uma forte comparação visual. O Renascimento buscou reviver a arte da Antiguidade. Michelangelo infundiu uma visão humanista em suas obras e acreditava que as grandes civilizações do passado poderiam ser não apenas imitadas, mas também superadas. 




Michelangelo Deus Fluvial Entre 1524 e 1527Estudo em argila cruaCasa Buonarroti, Florença

A estátua em questão é um dos poucos estudos em tamanho real já criados por Michelangelo; era uma alegoria do deus do rio que deveria reclinar-se no lado direito ao pé da tumba de Lorenzo de' Medici. Embora não tenha sido construído para durar; o modelo deveria ser descartado após a conclusão da escultura permanente de mármore, que nunca foi feita. No entanto, este estudo preservado, certamente, inspirou outras de suas próprias criações, assim como muitas cópias de outros artistas



Giotto di BondoneA Criação do Homem1303-1305AfrescoCappella Scrovegni, Padua 

A figura de Adão representada com proporções diminutas, na obra de Giotto, talvez seja uma escolha estilística ou técnica do artista, ou ainda uma representação simbólica da fragilidade humana diante da grandeza divina. Não há evidências concretas de que essa obra tenha sido influenciada pela representação da criação do homem por Prometeu na cultura grega. No entanto, o imaginário artístico da época era influenciado por diversas fontes culturais, incluindo a mitologia grega.



Autor romano desconhecidoPrometeu criando o primeiro homem a partir do barroSéculo III dCDetalhe do afrescoArcosólio de uma tumba perto da Basílica de São PauloMuseo della Via Ostiense, Roma

Este afresco romano retrata Prometeu moldando o primeiro homem. A figura de Prometeu é uma das mais emblemáticas da mitologia grega, associada à sabedoria, à inventividade e à criatividade. O mito da criação do homem a partir do barro é uma das histórias mais antigas e simbólicas da cultura ocidental, presente em diversas obras de arte e literatura.  Cada obra oferece uma perspectiva única sobre o tema, refletindo as preocupações e crenças dos artistas e das culturas em que foram criadas.


Michelangelo, que se considerava um escultor acima de tudo, relutou em aceitar a encomenda para a pintura do teto da Capela Sistina, pois não se sentia confortável com a técnica da pintura e tinha pouco conhecimento em afrescos. No entanto, ele acabou aceitando o desafio e criando uma das maiores obras-primas da história da arte, demonstrando sua habilidade como artista e sua capacidade de transcender os limites da técnica e da forma.



Constantin Hansen  Prometeu criando o chomem em barro1845Estudo para o afresco da Universidade de CopenhagenColeção Hirschsprung, Den Hirschsprungske SamlingStatens Museum for Kunst (SMK) 

Enquanto o mito de Prometeu enfatiza a capacidade humana de desafiar o poder divino e conquistar a autonomia, o mito bíblico enfatiza a relação de submissão e dependência entre a humanidade e Deus. Ambas as narrativas refletem preocupações e crenças diferentes sobre a natureza humana e sua relação com o divino.


No texto bíblico, o ato de modelar o barro, que nada mais é do que esculpir, e esculpir é a principal vocação do artista Michelangelo. Não é de surpreender que ele tenha focado sua atenção nisso e ter destacado as mãos. 



Andrea PisanoA Criação de Adão1334-43Baixo-relevo em mármore, lado oeste da torre sineiraMuseo dell'Opera del Duomo,Florença

Não há evidências conclusivas de que Michelangelo tenha estudado a obra de Andrea Pisano diretamente, mas é possível que ele tenha visto a representação da cena da Criação de Adão em outras obras de arte. Enquanto Andrea Pisano foi influenciado pelo estilo gótico e medieval, Michelangelo foi influenciado pela perspectiva e anatomia clássicas do Renascimento. 


Michelangelo Buonarroti estudou anatomia dissecando cadáveres, aumentando seu profundo conhecimento anatômico; sua habilidade técnica soma-se a um grande poder imaginativo. Ele  estudou latim e grego, leu obras dos grandes pensadores da antiguidade clássica, como Platão e Aristóteles. No geral, a intelectualidade de Michelangelo pode ser vista como uma combinação de curiosidade, estudo aprofundado, reflexão crítica e engajamento social. Seu legado continua a inspirar artistas e entusiastas da arte em todo o mundo. 

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Lorenzo GhibertiDetalhe da Criação de AdãoPainel de bronze para os Portões do ParaísoInício do renascimento (1425-52)Painel de 79 x 79 cm Batistério de San Giovanni, Florença

A influência de Ghiberti é latente na obra de  Paollo Uccello, visível principalmente na figura de Deus, tal como a representação dos personagens nas Portas do Paraíso do Batistério de Florença.


Há estudiosos que acretitam na teoria de que Michelangelo foi inspirado principalmente pelo Adão de Lorenzo Ghiberti.

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Paolo UccelloDetalhe de "A criação de Adão"1432-36Fresco244 x 478 cmClaustro Verde, Santa Maria Novella, Florença
Fotografia para estudo de nu acadêmico da escola de belas artes.
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Gaudenzio MarconiAdão1860ColódioBibliothèque Nationale de París

Os nus produzidos pelo fotógrafo Gaudenzio Marconi eram do gênero acadêmico e publicados na forma de catálogos, vendidos para artistas, ilustradores, pintores e professores de escolas de belas-artes.


As imagens ressaltam as qualidades plásticas dos corpos, ao interesse dos acadêmicos, lembrando o estilo de Michelangelo. Muitas das poses dos modelos estão  imitando os clássicos como das esculturas da Antiguidade.


As fotografisa  contribuíram para o estudo detalhado de aspectos difíceis de estudar com modelos vivos incapazes de manter essas posturas com músculos contraídos por muito tempo. 

Fotografia para estudo de nu acadêmico da escola de belas artes.
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Gaudenzio Marconi Nu masculino acadêmico (modelo masculino nu)1865Bibliothèque Nationale de París
© The Estate of Ana Mendieta Collection


Ana MendietaDocumentação fotográfica de Hans BrederArbol de la Vida (da série Silueta)1976Impressão cromogênica50.8 x 33 cmThe New Mexico Museum of Art
© Estate of David Wojnarowicz


David WojnarowiczSem título (Face na terra)1991 (impresso em 1993)Impressão em gelatina de prata48,3 × 58,4 cmMoMA

A terra evoca a ideia de renovação e fertilidade, já que a terra é um elemento fundamental para o crescimento das plantas e da vida em geral. Ao remeter à ideia de morte e renascimento,  a narrativa bíblica nos lembra que é do pó da terra que fomos criados e para onde retornaremos.


Tanto na  obra de Mendieta como na de Wojnarowicz são apresentadas ideias que sugerem a vulnerabilidade humana. Ambos convidam a refletir sobre a nossa relação com a natureza e a nossa própria mortalidade.