James Ensor | 2011
Detalhes / OBRA DE ARTE
Título: James Ensor
Criador: Alexandre Mury
Data de criação: 2011
Tipo: fotografia
Meio: C-print (impressão cromogênica)
Período da Arte: Contemporâneo
Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática
Assunto: fotografia de autorretrato, releitura, dramatização, máscaras, carnaval, chapéu
Obras Relacionadas: Self-Portrait with Masks (Ensor aux masques),1899, James Ensor
Artistas Relacionados: James Ensor
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Procedência: Alexandre Mury Coleção Particular / Acervo Pessoal de Obras de Arte
Direitos: © Alexandre Mury
James Ensor,Self Portrait with Masks1899Óleo sobre tela117 x 82 cmMenard Art Museum, Komaki
James Ensor surge entre as máscaras, literalmente — a loja de souvenirs de sua família vendia máscaras de carnaval. Ensor começou a incluir as máscaras em suas obras depois que seu pai e sua avó materna faleceram em um curto espaço de tempo. Elas serviram como mecanismos de enfrentamento ao lidar com uma realidade muito cruel e irracional.
Politizado e profundamente satírico, Ensor fez críticas e expressou sua indignação com conceitos como hipocrisia, abuso de poder e injustiça. Suas obras de arte podem ser descritas como excêntricas, rebeldes e anárquicas.
"Quem não sabe povoar sua solidão — também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão."
— Charles Baudelaire
James EnsorMeu retrato disfarçado ou autorretrato com chapéu floridoMon portrait déguisé ou Autoportrait au chapeau fleuri 1883-1888óleo sobre tela76,5 x 61,5 cmOstend, Kunstmuseum aan Zee
Movido por seu senso de paródia e irreverência consigo mesmo, embora austero e enigmático tem o aspecto engraçado no chapéu de palha acompanhado por pequenas flores — Neste autorretrato pintado originalmente em 1883 o chapéu e o bigode enrolado foram acrescentados em 1888.
James Ensor mistura a sua imagem com a do artista flamengo do período barroco Peter Paul Rubens, ou talvez com o autorretrato de Rembrandt. Este retrato poderia ser uma pintura acadêmica, pintado há séculos — O artista reflete as influências em sua arte por meio de um estudo formal e faz uma declaração explícita de admiração aos mestres do passado.
Ensor conviveu com as obras dos grandes pintores do seu tempo, estudou belas artes em Bruxelas. No entanto mantém-se fiel ao seu universo interior. Ensor não é tão fácil de colocar em um estilo de arte particular. De uma pintura que antecipa o pós- impressionismo, ele evoluiu através do fauvismo e desenvolve aspectos no seu trabalho tornando-se precursor de uma série de movimentos artísticos — simbolismo, expressionismo, dadaísmo e surrealismo — Ele usa diferentes estilos lado a lado ao longo de sua vida.
Peter Paul Rubens Autorretrato1623óleo sobre painel de madeira85,7 x 62,2 cmThe Royal Collection Trust
RembrandtAutorretrato aos 34 anos1640Óleo sobre tela91 cm x 75 cmThe National Gallery, Londres
"O homem é menos ele mesmo quando fala na sua própria pessoa. Dê-lhe uma máscara, e ele vai te dizer a verdade"
— Oscar Wilde
Hieronymus BoschCristo Carregando a Cruz, s/d (após 1500)Óleo sobre madeira74 x 81 cmMuseum of Fine Arts Ghent, Bélgica
O quadro de Bosh, quase que totalmente preenchido por rostos muito próximos uns dos outros, repleto de cabeças caricaturadas em que Jesus, tomado de tristeza, é cercado por figuras horríveis — Neste sentido, um solitário James Ensor está em meio à grande farsa da comédia humana, cercado, mas lúcido no meio da coleção de máscaras típicas da commedia dell'arte, máscaras asiáticas, de animais e algumas de caveiras. James Ensor rejeitou as máscaras africanas que fascinou vários outros artistas ao longo do século XX .
James Ensor pode ter sido influenciado por esta obra do Hieronymus Bosch, embora a abordagem de seu autorretrato seja diferente. Ensor era um artista que zombava de si mesmo — como pessoa, estava em desacordo com seu ambiente, sua visão da humanidade era bastante sombria. — Ebora fosse ateu, identifica a figura de Jesus Cristo como um alterego.
"Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar-se e representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é."
— Clarice Lispector
James EnsorChrist's Entry into Brussels1888-1889Óleo sobre tela252,6 × 431 cmThe J. Paul Getty Museum, Los Angeles, 87.PA.96
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James Ensor, um artista de personalidade nada convencional e bastante incisivo na crítica à sociedade — foi capaz de reivindicar a sua autonomia intelectual e impor o seu estilo transgressor. Ele chegou a ser preso pelos alemães durante a Primeira Guerra Mundial por retratar o imperador alemão Guilherme II como um abutre.
Durante o final do século XIX , muitos trabalhos de James Ensor foram rejeitados por serem escandalosos, em particular sua pintura "A entrada de Cristo em Bruxelas" de 1889 — No entanto, é considerada uma precursora do expressionismo do século XX.
Foram feitos vários desenhos preparatórios para a pintura. Nessa composição — quase perdido, em meio à vasta multidão carnavalesca, com máscaras grotescas, está Cristo em seu jumento; embora Ensor fosse ateu, ele se identificou com Cristo como uma vítima de zombaria. O Cristo com a auréola no centro da confusão é em parte um autorretrato: quase sempre ignorado — isolado.
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