A aranha chorando | 2012
Detalhes / OBRA DE ARTE
Título: A aranha chorando
Criador: Alexandre Mury
Data de criação: 2012
Tipo: fotografia
Meio: C-print (impressão cromogênica)
Período da Arte: Contemporâneo
Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática
Assunto: autorretrato, releitura, aranha, fantasia, lágriam, choro, pranto, emoção, expressão
Obras Relacionadas: "The Crying Spider", 1881, Odilon Redon
Artistas Relacionados: Odilon Redon, Bas Jan Ader
⚿ Palavras-chave
#releitura #tableauvivant #arteconceitual #arteperformatica #artecontemporanea #artebrasileira
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Procedência: Alexandre Mury Coleção Particular / Acervo Pessoal de Obras de Arte
Direitos: © Alexandre Mury
Em "A Aranha Chorando" (2012), Alexandre Mury apresenta uma performance fotográfica que dialoga com o simbolismo e o surrealismo, reinterpretando a obra "A Aranha Chorando" (1881) de Odilon Redon. Nesta composição, Mury emerge de um fundo de papel pardo, com apenas sua cabeça visível através de uma abertura central, enquanto o restante do corpo permanece oculto. Seu rosto, coberto por pó de grafite, exibe uma expressão melancólica, acentuada por uma lágrima cenográfica feita de mel, que confere brilho e viscosidade, prolongando o efeito lacrimal durante a captura fotográfica.
A caracterização de Mury confere à imagem um aspecto surreal, remetendo à estética de Redon, ao mesmo tempo em que introduz uma dimensão performática e contemporânea. A obra de Mury transcende a mera recriação visual, incorporando elementos de atuação e encenação que adicionam camadas interpretativas complexas. A expressão de tristeza e o uso de materiais específicos para simular a lágrima sugerem uma reflexão sobre a fragilidade humana e a efemeridade das emoções.
Na obra "A Aranha Chorando" (2012), Alexandre Mury estabelece um diálogo sofisticado com a tradição artística, reinterpretando a litografia homônima de Odilon Redon (1881) através de uma performance fotográfica contemporânea. A obra se insere em uma rica linhagem de representações de lágrimas e aranhas na história da arte, desde as representações medievais até a arte contemporânea.
Mury emerge de um fundo de papel pardo, com apenas sua cabeça visível através de uma abertura central. Seu rosto, meticulosamente coberto por pó de grafite, evoca diretamente a fase monocromática de Redon, conhecida como "Les Noirs", caracterizada pelo uso de carvão e grafite. A escolha do material não é casual - estabelece uma conexão direta com a técnica de Redon, que era fortemente influenciado pelo chiaroscuro de Rembrandt e o sfumato de Leonardo da Vinci.
Um elemento central da obra é a lágrima cenográfica feita de mel, uma escolha material que dialoga com uma longa tradição de representação de lágrimas na arte. Desde as lágrimas pintadas por Giotto di Bondone no início do Renascimento até as contas de vidro das "Lloronas" do barroco espanhol, artistas têm experimentado com diferentes materiais e técnicas para capturar a qualidade visceral e emotiva do choro. O uso do mel por Mury cria um efeito prolongado que permite capturar o momento fotográfico com maior impacto dramático, reminiscente das fotografias de Torbjørn Rødland, que também utilizou mel para simular lágrimas em suas obras.
A obra de Mury também estabelece um diálogo com o tema da aranha na arte contemporânea, particularmente com o trabalho de Louise Bourgeois, que explorou extensivamente a figura da aranha como símbolo materno e autobiográfico. No entanto, enquanto Bourgeois associava a aranha a memórias positivas de sua mãe tecelã, Mury subverte essa tradição ao apresentar uma aranha vulnerável e emotiva.
A expressão melancólica do artista, combinada com a lágrima de mel, cria uma tensão entre o grotesco e o empático, reminiscente do trabalho de Bas Jan Ader em "I'm Too Sad to Tell You" (1971). Como Ader, Mury explora os limites entre performance autêntica e encenação, questionando a natureza da expressão emocional na arte contemporânea.
O aspecto performático da obra - a caracterização, a maquiagem, a pose - demonstra um meticuloso controle técnico que paradoxalmente serve para expressar vulnerabilidade e emoção. Esta dualidade entre controle técnico e expressão emocional ecoa o próprio trabalho de Redon, que utilizava técnicas precisas para criar imagens oníricas e emocionalmente carregadas.
"A Aranha Chorando" transcende assim sua referência inicial a Redon para se tornar uma meditação contemporânea sobre empatia, vulnerabilidade e a própria natureza da expressão emocional na arte. Ao antropomorfizar a aranha através de sua própria performance, Mury convida o espectador a reconsiderar preconceitos e a explorar a universalidade da experiência emocional, mesmo quando manifestada através de formas não convencionais.
Além disso, a obra provoca uma tensão entre o grotesco e o humorístico. A imagem de uma aranha chorando é, por si só, uma inversão de expectativas, atribuindo uma emoção humana a uma criatura geralmente percebida como insensível. Essa antropomorfização convida o espectador a reconsiderar preconceitos e a explorar a empatia em contextos inusitados.
A performance de Mury exige uma entrega física e emocional, evidenciando seu compromisso com a exploração de temas profundos através de meios visuais e performáticos. A obra convida a uma análise multifacetada, onde elementos de técnica, simbolismo e expressão se entrelaçam para oferecer uma experiência estética rica e provocativa.
Odilon Redonl’Araignée qui pleure (A aranha chorando), 1881Carvão vegetal49,5 x 37,5 cmColeção particular
Um rosto humano no corpo de uma aranha é uma justaposição inquietante que pode chocar, enojar e causar repulsa — ao invés disso, o artista, delicadamente, evoca uma simpatia, ao desenhar as lágrimas em um dos lados da bochecha, representando a comovente tristeza da figura.
A imagem é enigmática como em todas as obras de Redon, nada é tão óbvio e não se reduz a simples associações metafóricas. A figura fantástica, própria do simbolismo de Redon. Essa fase da obra do artista, monocromática, ele mesmo denominou Les Noirs, trabalhando com carvão e grafite — como tantos outros desenhos, foi realizado posteriormente em litografia.
Redon admirava Jean-Jacques de Grandville é notável a influência de suas caricaturas antropomórficas inspiradas na fauna e na flora. Redon explorava a relação entre luz e sombra, como tal chiaroscuro de Rembrandt e o 'esfumato' de Leonardo, ambos os quais ele tanto admirava.
Giotto di BondoneO Massacre dos Inocentes (Detalhe)c. 1303-06Afresco200 x 185 cmCappella Scrovegni (Arena Capela), Pádua
Os temas chorosos de Giotto di Bondone apresentavam longos fluxos de tinta em um rosto. Em contraste com as figuras rígidas e imóveis dos primeiros períodos medievais, o “Pai da Arte Renascentista” pintou figuras humanísticas e expressivas. Giotto foi um dos primeiros artistas a pintar lágrimas rolando no rosto.
As lágrimas começaram a ter certo tipo de poder, tanto como forma de súplica quanto como testemunho da honestidade e integridade do choro. Embora existam inúmeros exemplos de representações de indivíduos tristes e enlutados, as lágrimas visíveis são dificilmente pintadas. Em vez disso, o choro foi representado por alguns outros comportamentos específicos, como a mão tocando a cabeça ou o aperto de mãos.
Rogier van der WeydenA Deposição da Cruz (Detalhe)1436-1443Tinta a óleo sobre painel220 x 262 cmMuseu do Prado, Espanha
Rogier van der WeydenA Deposição da Cruz (Detalhe)1436-1443Tinta a óleo sobre painel220 x 262 cmMuseu do Prado, Espanha
Rogier van der WeydenA Deposição da Cruz (Detalhe)1436-1443Tinta a óleo sobre painel220 x 262 cmMuseu do Prado, Espanha
Nos últimos anos da Renascença, Van Der Weyden deu às lágrimas mais realismo, tornando-as mais parecidas com gotas tridimensionais, trabalhando mais com textura, dimensão e iluminação para aumentar seu impacto visual e emocional nos espectadores.
A aproximação dos detalhes de sua obra 'A Deposição da Cruz' revela vários sujeitos chorando ao redor do corpo de Jesus, posicionados em direção ao espectador. A maior realização de Van Der Weyden no mundo da arte é sua representação da emoção humana.
Artista desconhecido (Oficina de Dirk Bouts)Cristo Coroado de EspinhosParte do díptico: Cristo e a VirgemPor volta de 1470-5Óleo sobre carvalho36,8 × 27,8 cmNational Gallery
O detalhe do Cristo com a face voltada para a frente, mas olha para o lado, como se estivesse refletindo sobre o que está por vir.
Esta pintura pode ter sido feita na oficina de Bouts no final de sua vida. O Cristo coroado de espinhos e sua mãe, a Virgem, em luto (conhecida como Mater Dolorosa) formam um díptico. Bouts provavelmente nasceu em Haarlem, no norte da Holanda. Ele foi fortemente influenciado por Rogier van der Weyden.
Carlo Dolci Santa Catarina de SienaCerca de 1665Óleo sobrer painel de cedro24,4 x 18,1 cmDulwich Picture Gallery, Londres
Essa pintura é marcada por uma intensidade dramática, expressões faciais vívidas e um uso habilidoso de luz e sombra para criar uma atmosfera emocional. O Renascimento florentino foi caracterizado pela redescoberta dos ideais estéticos clássicos da Grécia e de Roma, o que se refletiu na arte sacra dessa época.
Dolci foi o principal pintor florentino do século XVII. A maioria de suas obras são altamente detalhadas, em pequena escala e intensamente devocionais.
A pintura "O Anjo Caído" de Cabanel foi inspirada no poema "Paraíso Perdido" (1667) de John Milton. A narrativa descreve a queda de Lúcifer e sua rebelião contra Deus, embora não mencione especificamente uma lágrima derramada por ele. A obra de Cabanel é uma interpretação artística da figura de Lúcifer, e o detalhe da lágrima adiciona um elemento emocional e dramático à representação.
"O Anjo Caído" também foi uma das primeiras pinturas a retratar o Diabo ou Satanás como tema. No movimento artístico do Romantismo, o uso de temas lacrimosos foi comum para expressar emoções poderosas. Alexandre Cabanel retratou "O Anjo Caído" com Satã choroso, protegendo seu rosto após sua queda do céu.
Gian Lorenzo BerniniO Rapto de Proserpina (detalhe)1621-1622Grupo escultórico de mármore255 cmGalleria Borghese, Rome
O realismo como o mármore imita a carne e o detalhe notável de um fio de lágrimas aumentam a expressividade no rosto de Prosérpina. Os personagens do grupo escultórico têm emoções facilmente legíveis e rostos expressivos. Com as lágrimas congeladas em seu rosto desesperado, a mítica personagem de Prosérpina luta para evitar a fúria erótica excessiva de Plutão.
Annibale Carracci, um mentor de Bernini, influenciou a forma e estrutura facial de Plutão e Prosérpina. Personagens no teto Farnese têm anatomia comparável ao corpo voluptuoso de Prosérpina e à musculatura de seu abdutor. Da mesma forma, a estrutura facial de Prosérpina lembram a Andrômeda de Carracci quando ela se afasta de Plutão e procura desesperadamente por ajuda.
Após Gian Lorenzo BerniniCabeça da Prosérpina1650–1700Terracota15,2 x 10,3 cmCleveland Museum of Art
Este trabalho foi considerado por muito tempo um fragmento de um estudo preliminar, de Bernini para o rosto de Prosérpina. Muitos dos seus assistentes de estúdio frequentemente copiavam o seu trabalho. Esta terracota, portanto, pode ser de um dos escultores mais significativos deste grupo. O assunto transmite expressões fugazes de tristeza, medo e surpresa, e teria interessado escultores aprendendo a transmitir emoções complexas.
Pedro de MenaMater Dolorosa (detalhe)1674-85Madeira policromada parcialmente dourada63 × 58.7 × 38.1 cmMetropolitan Museum of Art
As esculturas dos artistas do barroco espanhol que usavam lágrimas feitas com contas de vidro coladas em suas esculturas são conhecidos como "Lloronas" ou "Virgens Choronas". Essa técnica artística foi particularmente proeminente durante o século XVII na Espanha e foi usada para evocar fortes respostas emocionais dos espectadores.
O uso de contas de vidro na criação de lágrimas era uma característica marcante da Escuela Granadina. Essas contas foram cuidadosamente selecionadas por sua transparência e qualidades reflexivas, permitindo que captassem e refletissem a luz, acrescentando assim uma sensação de luminosidade às esculturas.
Juan Prieto'Nuestra Señora de los Dolores Coronada'1719Madeira policromada e cristal1,70 cm Santuario de Nuestra Señora de los Dolores Coronada, Córdoba
A imagem foi encomendada ao escultor em 1717, não satisfeito com o resultado, mais tarde, em 1718, ele faz uma nova face, a mesma que hoje é venerada e que ao longo dos séculos se tornou sem dúvida uma das grandes devoções da cidade de Córdoba.
As lágrimas feitas com contas de vidro se tornaram uma característica marcante das esculturas da Escola Granada e ajudaram a estabelecer seu estilo único dentro do movimento barroco espanhol mais amplo.
Francisco Salzillo y Alcaraz'La Dolorosa'1755-1756Madeira, casca de ovo, cristal165 cmIglesia de Jesús-Museo Salzillo, Murcia, Espanha
Francisco Salzillo foi inspirado por sua irmã para recriar o rosto de 'La Dolorosa' e, especificamente, para capturar a abordagem mais realista da dor materna. Para isso, segundo a lenda, aproximou-se da irmã fingindo o desaparecimento do filho para verificar, ao vivo, a expressão de uma mãe ante o desassossego dos fatos. Quando o cúmulo do desespero vislumbrou seu rosto, Salzillo a teria levado ao seu ateliê para captar, in loco, a lágrima emocional da modelo real.
Man RayLágrimasc. 1930-32Impressão em gelatina prateada22,8 x 29,8 cmMuseu J. Paul Getty, Malibu CA
Man Ray teve uma conexão significativa com o movimento dadaísta, no qual esteve envolvido durante a sua fase inicial, e posteriormente se tornou um proeminente representante do surrealismo, explorando uma ampla variedade de técnicas e materiais em sua obra fotográfica e artística.
Ao utilizar as gotas de vidro para simular lágrimas no rosto da mulher, Man Ray criou uma imagem que desafia a realidade e gera uma sensação de estranhamento e mistério. Essa fusão entre elementos cotidianos e uma estética ilusória e onírica é de fato uma característica do surrealismo.
Essa imagem foi usada para promover o rímel 'Cosmecil Arlette Bernard' que permitia a madame “a chorar no cinema, chorar no teatro, rir até às lágrimas sem receio de desfazer seus belos olhos”. No entanto, Man Ray fez esta fotografia no período que coincide com o rompimento de uma relação amorosa, e as lágrimas falsas da mulher podem estar relacionadas a esse acontecido na vida do artista.
© Courtesy of the Julia Stoschek Collection
Torbjørn RødlandGoldene Tränen2002Julia Stoschek Collection
Na fotografia que retrata uma modelo com mel escorrendo pelo rosto, Torbjørn Rødland menciona ter se inspirado em uma imagem anteriormente vista em uma revista, mas buscou dar uma interpretação diferente. Enquanto a imagem original era mais erótica, ele a transformou em uma representação mais religiosa, evocando a imagem de Maria chorando em pinturas renascentistas.
O fotógrafo destaca a dualidade da interpretação da imagem, que pode ser vista tanto de forma pornográfica quanto reverente, deixando ao espectador a liberdade de decidir como interpretá-la. Ele discute a dualidade entre a leitura simbólica e o aspecto conceitual da fotografia, além de refletir sobre a representação das mulheres na arte, especialmente no trabalho do fotógrafo.
A figura da 'Mulher Chorosa' é baseada na artista e fotógrafa Dora Maar, na época ela mantinha um relacionamento com Picasso. Ela documentou com sua câmera todo o processo de Guernica. O detalhe da mulher que chora em agonia, com a cabeça jogada para trás e a boca aberta em um grito silencioso no mural de Picasso se desdobra em uma sequência de retratos com a Mulher Chorando.
Na obra Guernica, criada em 1937, Picasso retratou o bombardeio da cidade espanhola de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola. O choro da mulher representa o sofrimento humano diante da violência e da destruição causadas pela guerra. Ela personifica o horror e a angústia experimentados pelas vítimas inocentes, capturando a dor coletiva da população.
Candido PortinariO Pranto de Jeremias 1943
Têmpera sobre tela
190 x 180,2 cm Painel da Rádio Tupi, SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Esta obra reflete de modo particularmente evidente o impacto de Guernica (1937) sobre Cândido Portinari. Ela faz parte da 'Série Bíblica', encomendadas por Assis Chateaubriand. Portinari tinha uma linguagem visual discernível e uma gramática artística própria que se desenvolveu ao longo de sua carreira. Enquanto absorvia elementos da estética picassiana, Portinari os fundia com sua perspectiva pessoal e suas preocupações culturais e sociais,especialmente aqueles relacionados à brasilidade. Sua representação das pessoas comuns, trabalhadores rurais, pescadores e outros temas brasileiros é distintamente seu.
Reconhecido por sua forte inclinação política e sua constante preocupação com a violência na América Latina, Botero criou a série 'Dores da Colômbia'. Ela é composta por um total de 67 obras, incluindo 36 desenhos, 25 pinturas e seis aquarelas, todas elas focadas na representação da violência decorrente dos conflitos envolvendo os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o exército e os grupos paramilitares.
A obra humanista de Oswaldo Guayasamin, tida como expressionista, reflecte a dor e a miséria que grande parte da humanidade suporta, ele denuncia a violência que o ser humano teve de experimentar no século XX, marcado por guerras mundiais, guerras civis, genocídios, campos de concentração, ditaduras e torturas. Guayasamin pintou uma grande série chamada 'Huacayñan'. É uma palavra Quichua que significa 'A Maneira de Chorar'. É uma série de 103 quadros pintados após 2 anos de viagem pela América Latina.
Roy LichtensteinLagrimas de felicidade196496,5 cm × 96,5 cmColeção particular
As representações de mulheres chorando de Picasso podem ter influenciado Lichtenstein a produzir retratos de mulheres vulneráveis com os olhos marejados. Embora a 'pop art' possa parecer fria ou distante em sua abordagem técnica e temática, muitas vezes há uma carga emocional subjacente em suas obras. Outra possível influência em sua ênfase em retratar mulheres angustiadas no início e meados da década de 1960 se deva a seu primeiro casamento que estava se dissolvendo na época.
Roy LichtensteinGarota chorando1964Esmalte sobre aço117,2 cm × 117,2 cmMilwaukee Art Museum
Lichtenstein definiu particularmente a área da pop art por meio da paródia. A bela mulher em perigo certamente remete a imagem plástica do cinema hollywoodiano, mas o recorte desta cena é uma apropriação retirada da história em quadrinhos “Secret Hearts” n.º 88, lançada em junho de 1963 pela DC Comics. Este foi um dos primeiros trabalhos de Lichtenstein propositado na “produção em massa” de obras de arte, para eliminar totalmente a mão do artista.
Roy LichtensteinMenina chorando1963Litografia offset a coresImpresso por Colorcraft Offset Inc44,1 x 59,1 cmPhiladelphia Museum of Art
Ao retratar mulheres vulneráveis ou angustiadas, como em muitas obras de Lichtenstein, a 'pop art' coloca em evidência a representação da mulher na cultura de massa e questiona os estereótipos de gênero e as narrativas tradicionais. Essas representações podem despertar uma série de sentimentos, como compaixão, indignação ou até mesmo desconforto, à medida que o espectador confronta as questões subjacentes.
O artista se filmou chorando inconsolavelmente, o que pode nos dividir entre a estranheza que nos separa do outro e a afinidade irresistível da empatia.
A emoção oscila entre abstração e realidade. A encenação toca o psicológico e a encarnação daquele sofrimento embaralha o afeto com o conceito de ficção, desconstruindo a noção protocolar de performace.
Ader fez um cartão postal com uma foto do filme e o enviou a amigos e conhecidos na Europa.
O título desta obra é o nome de uma canção de 1974 do músico jamaicano de reggae Bob Marley que suplica a uma ouvinte feminina que não fique triste. A inscrição fosforescente na pintura indica que a mulher chorando retratada é Doreen Lawrence (agora Baronesa Lawrence de Clarendon OBE), a mãe de Stephen Lawrence, assassinado quando adolescente em um ataque racista não provocado em Londres em 1993, e as fotografias dentro das lágrimas neste trabalho estão todas as imagens de Stephen. Após cinco anos de campanha dos pais de Lawrence, o secretário do Interior, Jack Straw, anunciou um inquérito judicial sobre as investigações policiais sobre a morte de seu filho. Quando foi publicado, dois anos depois, o Relatório Macpherson de 1999 constatou que a conduta policial havia sido prejudicada por incompetência profissional e racismo institucional. O relatório fez setenta recomendações, o que levou a uma revisão da legislação de relações raciais da Grã-Bretanha.
"No Woman, No Cry" Single de Bob Marley do álbum Natty DreadLançamento 1974 Duração 4:06 min Composição Vincent FordProdução The Wailers
© The Easton Foundation/VAGA em ARS, NY
Louise BourgeoisMulher aranha2004Ponta secaUma edição em Tecido e outra em papel
Desde os primeiros desenhos em 1940, Louise Bourgeois criou várias aranhas de diferentes tamanhos em pinturas, gravuras, esculturas e instalações escultóricas. Para Louise Bourgeois, a aranha é uma figura materna — consistentemente explorou sua própria biografia; a sua mãe tecia velhas tapeçarias em sua oficina de restauração. Da história familiar às experiências corporais e sociais como mulher estão entre os assuntos que ela tratou com profundidade emocional e complexidade psicológica.
Louise BourgeoisSpider2003Aço inoxidável e tapeçaria59,7 x 71,1 x 63,5 cm
Louise BourgeoisSpider2003Aço inoxidável e tecido
Nikolaos GyzisThe spider1884Óleo sobre painel71 x 51.5 cmNational Art Gallery (Alexandros Soutzos Museum), Athens, Greece
Nikolaos Gyzis é o principal representante do movimento artístico grego do século XIX conhecido como Escola de Munique ou realismo acadêmico, ocupando, também, um lugar importante na história da arte alemã.
Entre suas obras idealistas, alegóricas e religiosas, Gyzis produziu uma sequência de pinturas com temas evidenciadamente gregos, dentre elas, o mito de Arachne.
Aracne desafia Atena em uma competição de tecelagem. Sua tapeçaria é perfeita, mas Atena se enfurece com seu conteúdo. Atena destrói o trabalho e golpeia Aracne, que se enforca. Atena a traz de volta à vida, mas a transforma em uma aranha tecelã eterna.
Nikolaos GyzisArachne1884Carvão e lápis sobre papel67 x 52 cmColeção particular
Gustave DoréArachne (detalhe)Divina Comédia de Dante (primeiro círculo do Purgatório, Canto XII)Data da publicação: 1868Coleção DigitalUniversité de Poitiers
Dante, em sua Divina Comédia, faz uso extensivo de referências mitológicas, históricas e culturais para criar sua narrativa. Ele incorpora diversos mitos clássicos e personagens históricos em sua obra, incluindo Aracne. Ao fazer isso, Dante está realizando um tipo de apropriação literária, recontextualizando esses mitos e personagens dentro de seu próprio sistema de crenças e visão de mundo.
Gustave Doré foi um artista influente do século XIX, que bebia da fonte de mestres antigos e contemporâneos. Gustave Doré admirava o trabalho de Dürer e se inspirava em sua técnica de gravura e no uso meticuloso de linhas e texturas. Doré tentava emular a precisão e a riqueza de detalhes que Dürer alcançava em suas próprias gravuras e ilustrações.
A atenção intrincada de Doré aos detalhes e a representação meticulosa de figuras antropomórficas conecta o reino sobrenatural e o humano. De demônios com características humanas grotescas a seres angelicais serenos, a interpretação artística de Doré dá vida às palavras de Dante, evocando uma série de emoções.
Estúdio do artista
Tom LutzCrying: The Natural and Cultural History of TearsEditora W.W. Norton, 2001352 páginasEdição ilustrada, reimpressãoISBN: 0393321037, 9780393321036
Neste estudo abrangente e provocativo, Tom Lutz analisa as formas como as pessoas entenderam o choro desde as primeiras representações conhecidas de lágrimas no século XIV aC até as lágrimas encontradas nos filmes de hoje. Baseando-se em obras de literatura, filosofia, arte e ciência, desde os escritos de Platão e Darwin até as pinturas de Picasso e revistas médicas modernas, ele desenterra os múltiplos significados e usos das lágrimas.