Um Sátiro | 2014
Detalhes / OBRA DE ARTE
Título: Um Sátiro
Criador: Alexandre Mury
Data de criação: 2014
Tipo: fotografia
Meio: C-print (impressão cromogênica)
Período da Arte: Contemporâneo
Movimento/Estilo: Arte Conceitual, Arte Performática
Assunto: autorretrato, mitologia, uvas, chiaroscuro, caravagismo, barroquismo, plano médio
Obras Relacionadas: ""Two Satyrs", (1618-19), Peter Paul Rubens
Artistas Relacionados: Peter Paul Rubens
⚿ Palavras-chave
#mitologia #releitura #arteconceitual #arteperformatica #artecontemporanea #artebrasileira
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Procedência: Alexandre Mury Coleção Particular / Acervo Pessoal de Obras de Arte
Direitos: © Alexandre Mury
Um raio-x revela que originalmente apenas o sátiro em primeiro plano foi planejado. Posteriormente, acrescentou mais dois planos ao painel, uma à esquerda e outra ao fundo, e incluiu o segundo sátiro cuja cabeça não aparece com tanto brilho porque foi pintada sobre um fundo escuro.
O uso do chiaroscuro pelo artista é inspirado nas obras de Caravaggio, que ele havia estudado na Itália.
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Repercussão
Difícil não conectar o trabalho do artista plástico Alexandre Mury com o título do filme dirigido por George Pal em 1964. "As sete faces de Dr. Lao", cujo roteiro foi adaptado de um romance de fantasia de 1935 e narra a chegada de uma tru- pe mitológica a uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos. Tony Ran- dall, o Dr. Lao da fita, interpreta também o Abominável Monstro das Neves, Mago Merlin, Medusa, Pan e outros três perso- nagens. Maquiagem, figurinos e efeitos especiais transformam o ator de forma surpreendente, tal como Mury improvi- sa, desde os 16 anos, quando começou a se fotografar reinterpretando figuras da literatura e da mitologia, imagens de pin turas, esculturas e vultos históricos. Hoje Mury tem cerca de cem fotografias edita- das, sendo que muitas obras permancem inéditas. Quarenta das já lançadas fazem parte do acervo do colecionador Gilberto Chateaubriand, estando o tríptico "Fran- cis Bacon", de 2011, e "Abaporu", de 2010, em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio. Em São Paulo, as obras "As três Fridas" (2010). "Icarus/Jazz (2011) e "A duquesa feia" (2011) integram a mostra "Retratos performáticos", no Sesc Vila Mariana. E a partir de amanhã, dia 13 de abril, o público carioca verá um trabalho inédito dele dentro da coletiva Atlântico Contemporâneo, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana. No novo tra- balho de Mury, impressionante conexão com o olhar da obra original, "Dois sá- tiros", de Pieter Pauwel Rubens (1617), e com a verve hedonista de Pan, deus com orelhas, chifres e pernas de bode, que figura no filme do qual falamos acima. E isso não é mera coincidência:
- A fotografia foi o meio que encontrei para trabalhar com instalação, pintura, escultura e atuação dentro de uma mesma obra. Tem muito de teatro e cinema tam- bém na reconstrução que faço de obras clássicas - comenta o artista, que nasceu em São Fidélis, cidade a 350 quilômetros da capital do Rio de Janeiro, estudou pu- blicidade em Campos de Goytacazes e há dois anos vive integralmente da arte.
Por se apropriar de imagens populares (ele já se fotografou como uma sereia de semblante sonhador em 2008, um saci de sorriso bem safadinho em 2009 e um co- ringa de dupla personalidade sarcástica em 2010) e de ícones da história da arte - tal como "Guernica" (2011), de Picasso, e "O Abaporu" (2010), de Tarsila do Amaral -, Mury colhe retornos fantásticos do pú- blico. Ao chegar em São Paulo, no começo de março para abertura da coletiva na Vila Marina, foi surpreendido pela pergunta do taxista: "O doutor é o Arapuru?". Não é pra menos: publicado no Facebook por um fa, o nu censurado anteriormente pela rede social (o site deixou Mury de "castigo" por sete dias, com ameaça de ter sua conta bloqueada), colecionou, em três dias no ar, 5 mil compartilhamentos.
Ao taxista, nós respondemos: é sim, senhor; Alexandre Mury é o "Abaporu", a "Medusa" (2010), "O Pensador" (2008) e tantas outras personas que vivem dentro dele.
IGOR FIDALGOigorfidalgo@oglobo.com.br12.04.2012