Nesta obra, Mury aprofunda a discussão sobre presença e ausência ao intervir diretamente em uma fotografia previamente utilizada na peça #25. A imagem, que originalmente retratava o artista como uma "escultura viva" inserida no espaço da Casa de Cultura Villa Maria, é agora transformada em algo radicalmente novo. O recorte da figura, feito com estilete, remove o corpo do artista da paisagem, deixando um vazio literal no lugar onde ele estava.

Esse vazio não é uma ausência passiva, mas um espaço de memória. A ausência da figura enfatiza o contorno e a paisagem ao seu redor, ao mesmo tempo em que força o espectador a preencher o vazio com suas próprias lembranças ou percepções. A figura do artista, embora removida, continua a habitar a obra, mas agora de maneira intangível — um "vazio memorável", onde o que falta torna-se mais significativo do que o que está presente.

Ao recortar sua própria figura, Mury coloca em evidência a relação entre o corpo e o espaço, o preenchido e o vazio, questionando o papel da presença na arte e na memória. Esse gesto de retirar, em vez de adicionar, subverte as expectativas convencionais de completude e revela uma nova camada de interpretação sobre continuidade e ruptura.