Curadoria:
Clarissa Diniz e Ismael Monticelli
Coletiva
CCBB SP (Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo)
2025
27 de agosto à 03 de novembro
A mostra fica em São Paulo até 3 de novembro e depois segue em itinerância por Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Artistas Participantes
Alexandre Mury
Anna Maria Maiolino
Gretta Sarfaty
Nelson Leirner
Claudio Tozzi
Blogueirinha
Porta dos Fundos
Alessandra Araújo
Melted Vídeos
John Drops
Greengo Dictionary
Texto curatorial
Organizada em seis núcleos temáticos — Ao pé da letra, A hora dos amadores, Da versão à inversão, O eu proliferado, Combater ficção com ficção, Memes: o que são? Onde vivem? Do que se alimentam? — a rica cenografia imersiva ocupa todos os andares do CCBB São Paulo com vídeos, neons, esculturas, figurinos, quadrinhos, pinturas, objetos, backlights, instalações sonoras e experiências interativas.
Ao pé da letra
No primeiro núcleo da exposição, o foco recai sobre os jogos semânticos e os descompassos entre texto e imagem que tornam os memes tão eficazes em gerar riso, crítica e estranhamento. Em vez de explicarem um ao outro, palavras e figuras se combinam para formar sentidos inesperados — ou se colam literalmente, desnaturalizando expressões e convenções sociais.
A hora dos amadores
Inspirado pela célebre capa da revista Time de 2006 — que elegeu “você” como a personalidade do ano —, o núcleo aborda a virada provocada pela internet e pelas redes sociais, que deram visibilidade inédita às “pessoas comuns”. Os memes, nesse contexto, aparecem como uma tecnologia social de protagonismo, permitindo que vozes antes apagadas ou silenciadas ocupem o centro da cena.
Da versão à inversão
A imitação é uma das bases da linguagem memética, e por isso aqui ela é investigada não como gesto de repetição, mas como uma atividade crítica e criativa. Esse núcleo mostra como memes transformam cópias em versões que subvertem e desmontam o original, produzindo humor, paródia e comentário social.
O eu proliferado
A explosão do “eu” nas redes sociais e a forma como a vida privada se tornou espetáculo são destaques neste núcleo. A internet deixou de ser apenas um espaço de compartilhamento para se tornar um palco de auto performance. A construção de si — por meio de selfies, dancinhas, relatos, confissões e personagens — tornou-se prática cotidiana, revelando tanto o desejo de existir publicamente quanto os efeitos dessa superexposição.
Combater ficção com ficção
A polarização política e a radicalização do discurso público são temas centrais do núcleo, que examina o papel dos memes na disputa simbólica do presente. Ao mesmo tempo em que são ferramentas de leitura e resistência política, os memes podem também ser veículos de desinformação, exclusão e violência. A curadoria propõe aqui uma reflexão sobre os usos éticos do riso, compreendendo o humor como forma sofisticada de diplomacia, mas também como instrumento perigoso nas mãos do autoritarismo. Entre a memecracia e a crítica, este núcleo convida a pensar: como rir sem reforçar os estigmas que queremos combater?
Memes: o que são? Onde vivem? Do que se alimentam?
Encerrando o percurso, esse núcleo abraça a impossibilidade de definir os memes de forma única. Ao invés de uma resposta fixa, a curadoria propõe uma provocação coletiva: como cada pessoa compreende o que é um meme? O que eles significam hoje?