Aspectos gerais da fotografia conceitual 

HISTÓRIA E CONTEXTO

Origens e influências

A fotografia conceitual é uma vertente da arte contemporânea que tem suas raízes em uma variedade de movimentos artísticos anteriores, como o dadaísmo, o surrealismo e a arte conceitual, cada um contribuindo de diferentes maneiras para seu desenvolvimento. 

Dadaísmo

O Dadaísmo, um movimento artístico e cultural que surgiu em 1916 durante e após a Primeira Guerra Mundial (principalmente em Zurique, Nova York, e Berlim), foi uma das primeiras manifestações a desafiar as convenções artísticas e sociais estabelecidas.

Os dadaístas valorizavam a espontaneidade, o absurdo e a provocação, buscando subverter as normas da arte tradicional e da sociedade em geral, caracterizado por uma abordagem antiarte e antitradicional.

Sua abordagem antiarte e uso de técnicas como a colagem, a montagem e a apropriação de imagens foram precursoras de estratégias semelhantes adotadas pela fotografia conceitual.

#Subverção

#Ilógica

#Absurdo

#Provocação

Hannah Höch, "Cut with the Kitchen Knife Dada Through the Last Weimar Beer-Belly Cultural Epoch in Germany", 1919–1920, Nationalgalerie, Staatliche Museen, Berlin
László Moholy-Nagy, Lightplay: Preto/Branco/Cinza, ca. 1926. Impressão em gelatina prata, 14 3/4 x 10 3/4 ″Detalhe do suporte leve de Moholy-Nagy para um palco elétrico, 1922–30

Surrealismo

Surgido na década de 1920, o Surrealismo explorou o mundo dos sonhos, do subconsciente e do irracional.

Artistas surrealistas como Man Ray, André Breton e Salvador Dalí experimentaram com técnicas de manipulação de imagens, como a sobreposição, a distorção e a montagem, para criar imagens que desafiavam a lógica e a realidade.

A abordagem surrealista da fotografia como um meio para explorar o inconsciente e transmitir ideias e emoções abstratas influenciou significativamente a fotografia conceitual, especialmente em relação à busca por novas formas de expressão visual e narrativa.

#Subconsciente

#Onírico

#Irracionalidade

#Inconsciente coletivo

Claude Cahun, ‘Autoportrait (I’m in training don’t Kiss Me), 1927
René Magritte, A traição das imagens (isto não é um cachimbo), 1929, LACMA

A obra de Magritte, especialmente "A traição das imagens", pode ser vista como precursora de certos aspectos do movimento conceitualista na arte, que se tornou proeminente algumas décadas depois. Embora Magritte seja frequentemente associado ao surrealismo, suas obras muitas vezes transcendem as categorias artísticas convencionais e desafiam as expectativas dos espectadores, antecipando assim o espírito do conceitualismo.

Arte Conceitual

Surgindo na década de 1960 como uma reação às formas tradicionais de arte, a Arte Conceitual enfatizava o conceito ou a ideia por trás da obra de arte, em vez de sua realização material.

Artistas conceituais como Sol LeWitt, Joseph Kosuth e Marcel Duchamp desafiaram as noções de autoria, originalidade e valor artístico, muitas vezes utilizando estratégias como a linguagem, a documentação e a apropriação para criar obras que questionavam as instituições da arte.

A fotografia conceitual compartilhava muitos dos princípios da Arte Conceitual, especialmente em relação à importância do conceito sobre a forma e à exploração de ideias complexas e abstratas por meio da imagem fotográfica.

#Antiarte

#Racionalidade

#Questionamento

#Semioticismo

Marcel Duchamp, "L.H.O.O.Q.", 1919
Yves Klein, "Leap into the Void", 1960

A transição da fotografia documental para a fotografia conceitual 

Os primeiros artistas da Arte Conceitual começaram a gravar suas performances e obras de arte temporárias de uma maneira que hoje é frequentemente descrita como inexpressiva. O objetivo era fazer imagens simples e realistas da obra de arte que parecessem o mais documentais possível. 

Percepção da fotografia como forma de expressão artística. 

Mudança de foco


Enquanto a fotografia documental tradicionalmente se concentrava na representação objetiva da realidade, capturando eventos, pessoas e lugares de maneira fiel e descritiva, a fotografia conceitual desviou o foco da representação literal para a exploração de ideias, conceitos e questões filosóficas por meio da imagem fotográfica.

Essa mudança de foco da objetividade para a subjetividade marcou uma transição significativa na maneira como a fotografia era percebida e praticada, ampliando suas possibilidades como forma de expressão artística.

"The Americans" (1958) de Robert Frank

"The Americans" é uma obra seminal na história da fotografia documental e da fotografia conceitual. Robert Frank viajou pelos Estados Unidos capturando uma visão pessoal e subjetiva do país, revelando as contradições e complexidades da sociedade americana.

IMPACTO

 Frank desafiou as convenções estabelecidas da fotografia documental, adotando uma abordagem subjetiva e poética para retratar a realidade americana.

Weegee (Arthur Fellig),"Elizabeth Taylor distortion," 1962
Bernd Becher, Hilla Becher, "Framework houses", 1959-1971

Bernd e Hilla Becher são conhecidos por seu trabalho em fotografar estruturas industriais como torres de água, chaminés e silos. Suas fotografias são apresentadas em séries organizadas por tipo, destacando a repetição e variação dentro de um tema. 

IMPACTO

Este método sistemático influenciou a abordagem conceitual da fotografia, destacando a importância da série e da classificação na criação de significado. 

Questionamento da autoria e da originalidade


A fotografia conceitual também questionou as noções tradicionais de autoria e originalidade na arte, desafiando a ideia de que o valor de uma obra de arte está intrinsecamente ligado à habilidade técnica do artista ou à singularidade da imagem capturada.

Em vez disso, os fotógrafos conceituais frequentemente se concentravam na concepção e na execução de ideias, muitas vezes delegando a realização física da obra a outras pessoas ou utilizando técnicas de apropriação para recontextualizar imagens existentes.

Hans-Peter Feldmann, "Sonntagsbilder", 1976
Sherrie Levine, "After Walker Evans", 1981
Christopher Williams, "Angola to Vietnam", 1989

Experimentação e inovação


A fotografia conceitual abriu caminho para a experimentação e inovação na prática fotográfica, encorajando os artistas a explorarem novas técnicas, abordagens e formatos.

Fotógrafos conceituais começaram a utilizar estratégias como a montagem, a manipulação digital, a performance e a apropriação de imagens para criar obras que desafiavam as convenções tradicionais da fotografia e da arte em geral.

Ed Ruscha, "Every building on the Sunset Strip", 1966, artists' books
© John Hilliard
John Hilliard 765 Paper Balls1969Fotografia em preto e branco122 x 122 cmColeção particular
Lucas Samaras,"Photo-Transformation", 1976

Ênfase no conceito e na mensagem


Na fotografia conceitual, o conceito por trás da imagem fotográfica tornou-se central, muitas vezes superando a importância da técnica ou da estética visual.

Os fotógrafos conceituais começaram a utilizar a fotografia como um meio de explorar questões sociais, políticas, culturais e filosóficas, transcendendo a mera representação da realidade para transmitir ideias abstratas e complexas.

Hans Bellmer, "Les Jeux de la Poupée", 1938 - 1949
Jan Dibbets,"Perspective correction - rectangle with 1 diagonal", 1967
William Anastasi, "Nine Polaroid, Photographs of a Mirror", 1967

Contexto histórico e cultural

Dentro do contexto histórico e cultural das décadas de 1960 e 1970, a fotografia conceitual emergiu como uma forma significativa de arte.

A exploração de eventos e movimentos sociais e influencia a prática artística nesse período, como os protestos políticos, os avanços tecnológicos e as mudanças nas percepções sociais e culturais.

Mudanças nas percepções sociais e culturais


As décadas de 1960 e 1970 foram um período de mudanças significativas nas percepções sociais e culturais, com a emergência de novas formas de pensamento e comportamento em relação à arte, à política, à sexualidade, à identidade e à tecnologia.

Essas mudanças abriram espaço para uma maior experimentação e diversidade na prática artística, permitindo que os artistas explorassem novas ideias, conceitos e formas de expressão, incluindo a fotografia conceitual.

David Wojnarowicz, série: "Arthur Rimbaud in New York", 1978-1979
Les Krims, séries: "Uranium Robots", 1976
Valie Export, "Aktionshose : Genitalpanik" ("Action pantalon : Panique génitale"), 1969

Protestos políticos e movimentos sociais


As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por uma efervescência de protestos políticos e movimentos sociais ao redor do mundo, incluindo o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, o movimento estudantil de 1968 na Europa e os protestos contra a Guerra do Vietnã.

Esses movimentos inspiraram uma geração de artistas a se engajarem com questões políticas e sociais em suas obras, levando à emergência de formas de expressão artística mais engajadas e reflexivas, como a fotografia conceitual.

Martha Rosler,  "Playboy (On View) from the series House Beautiful: Bringing the War Home, in Vietnam", c. 1967-72
Gordon Parks, "Department Store", Mobile, Alabama, 1956
Nick Knight, Skinheads series, "Mad John's Bottom Lip", 1979-1980 

Nick Knight está entre os criadores de imagens mais influentes e visionários do mundo, é um renomado fotógrafo de moda e diretor criativo conhecido por suas imagens inovadoras e provocativas.

Knight também é reconhecido por seu trabalho na fotografia conceitual, explorando temas como identidade, corpo e tecnologia.

IMPACTO

Knight em sua abordagem experimental e sua colaboração com artistas visuais, designers e músicos contribuíram para ampliar os limites da fotografia de moda e da fotografia conceitual.


Avanços tecnológicos


As décadas de 1960 e 1970 também foram marcadas por avanços significativos na tecnologia da câmera e da fotografia, incluindo o desenvolvimento de novos materiais fotográficos, técnicas de impressão e equipamentos de câmera.

Esses avanços permitiram aos fotógrafos experimentar com novas técnicas e abordagens artísticas, ampliando as possibilidades criativas da fotografia e contribuindo para o surgimento de formas de expressão artística mais conceituais e experimentais.

 William Eggleston, Los Alamos series Untitled, 1965
Andy Warhol, Still from a "Screen Test" of Edie Sedgwick, 1964
Thomas Ruff, "Jpeg ny01", 2004

Desenvolvimento da fotografia conceitual

Principais artistas e obras

O que destaca no surgimento e a consolidação da fotografia conceitual como uma prática artística distinta.

Sol LeWitt


Uso de instruções e sistemas para criar obras conceituais. 

Como um dos pioneiros da Arte Conceitual, também teve um impacto significativo na fotografia conceitual. Suas "Sentenças sobre Arte Conceitual" (1968) influenciaram artistas a repensar a natureza da arte e da criação artística.

“Vou me referir ao tipo de arte em que estou envolvido como arte conceitual. Na arte conceitual, a ideia ou conceito é o aspecto mais importante da obra. […] A ideia vira máquina que faz a arte. […] A arte conceitual não é necessariamente lógica. […] As ideias não precisam ser complexas. A maioria das ideias bem-sucedidas são ridiculamente simples.”– Sol LeWitt, 1967 

LeWitt também explorou a fotografia como meio de documentar suas instalações conceituais, contribuindo para a integração da fotografia na prática artística conceitual.

Uma ideia central na abordagem de LeWitt à fotografia era o conceito de que o próprio artista nem sempre precisa fazer as fotografias.



Sol LeWitt, Buried Cube Containing an Object of Importance but Little Value, 1968
Sol LeWitt, "R872 A Rectangle of Florence Without a Rectangle", c. 1980

Douglas Huebler 


Questionamento da natureza da fotografia e da autoria.

Um dos primeiros artistas a utilizar a fotografia como meio primário de expressão em sua prática artística conceitual. Em sua série "Location Piece" (1969), Huebler fotografou pessoas em lugares específicos, explorando a relação entre o indivíduo, o espaço e o tempo.

Suas obras desafiaram as convenções tradicionais da fotografia documental, deslocando o foco da imagem em si para a ideia ou conceito por trás dela. 

Douglas Huebler, "Location Piece #1", New York - Los Angeles, February, 1969 
Douglas Huebler, "Variable Piece" #101, 1973

Joseph Kosuth


Obras que exploram a relação entre a linguagem e a arte. 

Conhecido por suas instalações conceituais que exploram a natureza da linguagem e da significação na arte. Em sua série "One and Three Chairs" (1965), Kosuth apresenta uma cadeira física, uma fotografia da mesma cadeira e uma definição do termo "cadeira", questionando a relação entre objeto, imagem e conceito.

O trabalho de Kosuth influenciou uma geração de artistas a explorar questões conceituais por meio da fotografia, contribuindo para a consolidação da fotografia conceitual como uma prática artística distinta.

Joseph Kosuth, "Uma e três cadeiras", 1965
Joseph Kosuth, "Uma e três plantas", 1965

Abordagens e técnicas

Algumas das abordagens e técnicas utilizadas pelos artistas da fotografia conceitual para explorar ideias, conceitos e questões filosóficas por meio da imagem fotográfica. Cada uma dessas técnicas oferece possibilidades únicas de expressão e reflexão, contribuindo para a diversidade e a riqueza da fotografia conceitual como uma forma de arte contemporânea. 


Montagem

A montagem é uma técnica frequentemente utilizada por artistas conceituais para criar novas narrativas visuais a partir da combinação de diferentes elementos fotográficos, como imagens, textos, objetos e materiais.

Através da montagem, os artistas podem subverter a lógica narrativa tradicional, criar associações inesperadas e explorar ideias complexas e abstratas por meio da composição visual.

Exemplos de montagem na fotografia conceitual incluem obras de artistas como John Baldessari, Hannah Höch e Martha Rosler.

Montagem

A montagem é uma técnica frequentemente utilizada na fotografia conceitual para combinar diferentes imagens, elementos visuais ou materiais para criar uma narrativa ou transmitir uma mensagem.

Os artistas conceituais podem utilizar a montagem para criar composições visuais complexas que desafiam as noções tradicionais de espaço, tempo e realidade.

A montagem pode ser realizada tanto de maneira física, através de colagem manual de fotografias ou outros materiais, quanto digitalmente, utilizando softwares de edição de imagem.

John Baldessari, "Wrong", 1966
Duane Michals, Rene Magritte, 1965
John Hilliard, "Causes of Death", 1974

Apropriação de imagens


A apropriação de imagens é uma prática comum na fotografia conceitual, na qual os artistas utilizam imagens pré-existentes,  de diversas fontes, encontradas ou produzidas por outros, como material para criar novas obras.

A apropriação de imagens permite aos artistas questionar a autoria, a originalidade e a autenticidade na era da cultura visual digital, recontextualizando imagens familiares e subvertendo seu significado original.

Artistas como Sherrie Levine, Richard Prince e Barbara Kruger são conhecidos por seu uso da apropriação de imagens como uma forma de crítica cultural e reflexão sobre a natureza da representação visual.

Larry Sultan e Mike Mandel, "Untitled Evidence_horse", 1977

Nesta série de fotografias, Sultan e Mandel compilaram imagens de arquivos governamentais, corporativos e institucionais, retiradas de documentos, manuais e relatórios técnicos. As imagens são apresentadas sem contexto, convidando o espectador a criar suas próprias narrativas e associações.

IMPACTO

 Sultan e Mandel questionam o significado e a autoridade da imagem fotográfica, explorando as complexidades da representação visual e da documentação.

Anna Bella Geiger, "Brasil nativo, Brasil alienígena", 1976-1977
kennardphillipps (Peter Kennard and Cat Phillipps), "Tony Blair, 'Photo Op'", 2006
Rosângela Rennó, "Sem título, (America e Cristo) série Cicatriz", c. 1996–98

Performance


A performance é outra abordagem utilizada por artistas conceituais para explorar questões de identidade, corpo e espaço por meio da ação ao vivo registrada fotográfica ou videograficamente.

As performances fotográficas muitas vezes envolvem o artista como sujeito, executando uma série de ações planejadas ou improvisadas diante da câmera, buscando transmitir uma ideia ou conceito específico.

A fotografia, tradicionalmente vista como um registro fiel da realidade, torna-se na performance um elemento construído e artificial, moldado pela intenção do artista e pela encenação da performance. Essa ruptura com a indexicalidade abre um leque de possibilidades para a expressão artística.


Performance

A performance é uma abordagem menos convencional na fotografia conceitual, mas que tem sido cada vez mais explorada por artistas contemporâneos.

Os artistas conceituais podem utilizar performances como meio de expressão artística, incorporando elementos de teatro, dança, música e outras formas de expressão performática em suas obras fotográficas.

A performance na fotografia conceitual pode envolver tanto o próprio artista como protagonista da obra, quanto a interação com outros indivíduos, objetos ou ambientes para criar imagens que capturam momentos efêmeros e experiências sensoriais.

Dennis Oppenheim, "Reading position for second degree burn", 1970
Adrian Piper, "I am the Locus" #2, 1975
Cindy Sherman, "Untitled Film Still #21A, City Girl Close-Up", 1978 

Essa série de fotografias de Cindy Sherman é uma das obras mais influentes na história da fotografia conceitual. Sherman retrata a si mesma em uma variedade de papéis, criando imagens que exploram questões de identidade, representação e gênero.

IMPACTO

Sherman desafia as noções convencionais de retrato e autoria na fotografia, questionando a objetividade da imagem fotográfica e revelando a natureza construída da identidade. O trabalho de Sherman expandiu os limites da fotografia conceitual, introduzindo a ideia de performance e autorretrato como ferramentas críticas. 

 Bruce Nauman, "Self Portrait as a Fountain", 1966

"Self Portrait as a Fountain" (1966) de Bruce Nauman

Nesta obra, Bruce Nauman cria uma série de fotografias autorretratadas em que ele se transforma em uma fonte humana, simulando o jato de água saindo de sua boca. Nauman explora questões de identidade, auto-representação e o papel do artista na obra de arte.

IMPACTO

 Nauman utiliza a performance como meio de expressão artística, desafiando as convenções tradicionais do autorretrato e da autoria na fotografia. A obra também questiona a natureza efêmera da performance ao ser capturada em uma imagem fixa.

Manipulação digital


Com o avanço da tecnologia digital, os artistas da fotografia conceitual começaram a explorar novas possibilidades criativas por meio da manipulação digital de imagens, permitindo aos artistas explorarem as fronteiras entre o real e o simulado, o analógico e o digital.

A manipulação digital permite aos artistas criar imagens que desafiam a percepção da realidade, subvertendo e distorcendo elementos visuais para transmitir ideias e conceitos específicos.

Em 1990, a Adobe Systems lançou o Photoshop 1.0. A introdução de câmeras digitais para consumidores aconteceu no final da década de 1990, tornando a manipulação fotográfica amplamente difundida e acessível. 


Quase todo tipo de manipulação que associamos ao agora onipresente software Photoshop da Adobe também fazia parte do repertório pré-digital da fotografia, desde cinturas emagrecedoras e suavização de rugas até adicionar pessoas (ou removê-las) de fotos, sem falar na fabricação de eventos que nunca aconteceram. Na verdade, o desejo e a determinação de modificar a imagem da câmara são tão antigos como a própria fotografia – apenas os métodos mudaram. 

Jeff Wall, "A Sudden Gust of Wind (After Hokusai)", 1993
Andreas Gursky, "99 Cent", 1999
Thomas Demand, "Kitchen", 2004
Ruud van Empel_World #28_2006

Fotografia documental


A fotografia documental experimentou uma transformação notável ao longo das décadas, influenciada pelo movimento conceitualista e por uma busca pela essência da experiência humana e social. Fotógrafos proeminentes como Robert Frank, Garry Winogrand e Lee Friedlander romperam com a objetividade tradicional, adotando uma abordagem mais subjetiva e carregada de significado.

Essa mudança se manifestou de diversas maneiras, incluindo a incorporação de elementos conceituais na prática fotográfica. Manipulação digital, combinação de imagens e elementos performáticos tornaram-se ferramentas para questionar não apenas a realidade social, mas também os próprios meios de representação fotográfica.

À medida que a fotografia documental se tornou mais conceitualizada, surgiram novas interpretações e abordagens para descrever essa evolução. Críticos e historiadores da arte começaram a usar termos como "neo-conceitualismo" ou "pós-conceitualismo" para descrever essa nova fase na prática fotográfica, onde artistas como Nan Goldin, Sally Mann e Larry Sultan exploraram questões pessoais e familiares, desafiando as fronteiras entre o público e o privado, o pessoal e o político.

Garry Winogrand, "New York", 1965
Lee Friedlander, "Street photography, New York", 1966
Sally Mann, "Candy cigarret", 1989

 "The Pond" (1985) de Sally Mann

Nesta série de fotografias em preto e branco, Sally Mann retrata seus filhos e o ambiente natural ao redor de sua casa na Virgínia. As imagens são atmosféricas e evocativas, explorando temas de infância, memória e mortalidade.

IMPACTO

 Mann utiliza a fotografia para investigar questões universais da experiência humana, enquanto desafia as noções convencionais de retrato e narrativa visual.

Larry Sultan, "My mother posing for me from pictures of home", 1984

O texto escrito

Embora o uso de texto escrito na arte não fosse novo na década de 1960 - o texto aparece ao lado de outros elementos visuais nas pinturas cubistas , por exemplo - artistas como Lawrence Weiner , Joseph Kosuth , Ed Ruscha e John Baldessari adotaram o texto como o elemento dominante de uma obra de arte visual. Ao contrário dos seus antecessores, esta geração de artistas obteve frequentemente diplomas universitários, o que em parte explica a fé no intelectualismo e especialmente a influência dos estudos linguísticos do século XX. 


A arte baseada em texto costumava usar formulações abstratas, muitas vezes na forma de comandos abruptos, declarações ambíguas ou apenas uma única palavra para criar associações para o espectador. Embora os conceitualistas da primeira onda, como Weiner e Baldessari, permaneçam ativos hoje, eles inspiraram artistas mais jovens, de Jenny Holzer a Tracey Emin, a continuar a prática baseada em palavras e a expandir os limites da arte e de suas definições.

Crítica institucional e contestação do meio artístico

No geral, a fotografia conceitual desempenha um papel fundamental na crítica institucional do meio artístico, desafiando noções estabelecidas de autoria, originalidade e valor artístico e ampliando os horizontes da arte contemporânea. Essa discussão em torno da fotografia conceitual ajuda a promover um diálogo mais amplo sobre os papéis e responsabilidades dos artistas, curadores, críticos e espectadores dentro do contexto da arte contemporânea. 

Louise Lawle, "Pollock and Tureen, Arranged by Mr. and Mrs. Burton Tremaine, Connecticut Louis , 1984

Desafio à originalidade


A fotografia conceitual também levanta questões sobre a originalidade na arte, questionando se a verdadeira inovação reside na concepção da ideia ou na execução técnica da obra.

Muitos artistas conceituais utilizam estratégias como a apropriação de imagens ou a recontextualização de materiais existentes para criar novas obras, desafiando a ideia de que a originalidade está intrinsecamente ligada à criação de algo completamente novo.

Esse desafio à originalidade destaca a importância da ideia ou conceito por trás da obra, em vez de sua realização física, na determinação de seu valor artístico.

Richard Prince, "Untitled" (cowboy), 1980-1989

Questionamento da autoria


A fotografia conceitual muitas vezes desafia as noções tradicionais de autoria na arte, questionando quem é o verdadeiro autor de uma obra fotográfica.

Em muitos casos, os artistas conceituais delegam a realização física da obra a outras pessoas, como assistentes ou técnicos de laboratório, desafiando a ideia de que o artista deve ser o único responsável pela criação da obra.

Esse questionamento da autoria destaca a natureza colaborativa e coletiva da produção artística, subvertendo hierarquias e estruturas de poder dentro do meio artístico.

"Untitled (Cowboy)" (1998) de Richard Prince

Esta obra de Richard Prince é uma fotografia de uma imagem publicitária de um cowboy em um cenário desértico. Prince removeu o texto original da imagem, deixando apenas o cowboy solitário.

IMPACTO

 Prince questiona a autoria e a originalidade na arte, ao mesmo tempo em que critica os estereótipos da masculinidade e da cultura americana.

Sophie Calle,  detalhe: "room #30", da série: "The Hotel", 2021

Reavaliação do valor artístico


A fotografia conceitual também provoca uma reavaliação do valor artístico, questionando o que constitui uma obra de arte e como ela deve ser avaliada.

Em vez de se concentrar apenas na técnica ou na estética visual, a fotografia conceitual enfatiza o significado e o contexto da obra, desafiando os espectadores a considerarem questões mais amplas sobre sua relevância e importância.

Essa reavaliação do valor artístico destaca a importância da reflexão crítica e do engajamento intelectual na apreciação da arte conceitual, subvertendo noções convencionais de beleza e habilidade técnica como critérios exclusivos de valor artístico.

Expressão, distribuição e engajamento

Ao analisar as estratégias utilizadas pelos artistas da fotografia conceitual para desafiar convenções artísticas e institucionais, percebe-se uma busca de formas alternativas de expressão, distribuição e engajamento que reflitam seus valores e preocupações estéticas, sociais e políticas. Essa abordagem não apenas reconfigura a prática artística, mas também contribui para uma reavaliação mais ampla do papel da arte na sociedade contemporânea.

Crítica ao mercado de arte comercial


Muitos artistas da fotografia conceitual têm uma postura crítica em relação ao mercado de arte comercial, questionando seu papel na valorização da arte e na consolidação de hierarquias artísticas.

Alguns artistas optam por evitar a participação no mercado de arte tradicional, recusando-se a vender suas obras ou a se envolver em transações financeiras, como uma forma de resistência ao capitalismo e à comercialização da arte.

Hans Haacke, "Shapolsky et al. Manhattan Real Estate Holdings, a Real-Time Social System, as of May 1, 1971", 1971
Paulo Nazareth, Performance: "Banana Market - Art Market" 2011

Busca por autonomia e independência


Muitos artistas da fotografia conceitual buscam autonomia e independência em relação às instituições tradicionais da arte, como galerias, museus e casas de leilão.

Em vez de depender dessas instituições para promover e distribuir suas obras, os artistas conceituais frequentemente buscam formas alternativas de exposição e distribuição, como publicações independentes, sites pessoais e espaços não convencionais.

Nan Goldin, Heart-sha, série: "The Ballad of Sexual Dependency", 1980
Maurizio Cattelan, "Shit", Toilet Paper, Issue, 10, 2014

Exploração de novos formatos e mídias


A fotografia conceitual muitas vezes se manifesta em formas não tradicionais de imagem, como instalações, performances, livros de artista e projetos participativos.

Ao explorar esses novos formatos e mídias, os artistas conceituais desafiam as expectativas convencionais sobre o que constitui uma obra de arte fotográfica e expandem os limites da prática fotográfica além do espaço da galeria ou do museu.

David Hockney, "Sun on the Pool" 1982
Robert Heinecken,"Fractured Figure Sections", 1967

Participação em movimentos sociais e políticos


Muitos artistas da fotografia conceitual são engajados em questões sociais e políticas e veem sua prática artística como uma forma de ativismo e protesto.

Esses artistas frequentemente se envolvem em movimentos sociais e políticos, utilizando suas obras para levantar questões importantes e promover a conscientização sobre questões como justiça social, direitos humanos e igualdade.

Barbara Kruger, Untitled (Your body is a battleground), 1989

Barbara Kruger é conhecida por suas obras que combinam fotografia e texto em preto e branco, frequentemente abordando questões de poder, política e identidade. Suas obras são caracterizadas por declarações incisivas e provocativas que questionam as normas sociais e culturais.

IMPACTO

Kruger utiliza a fotografia como meio de comunicação visual, criando imagens que são ao mesmo tempo esteticamente poderosas e socialmente engajadas.

Sebastião SalgadoCamponeses sem-terra celebram a desapropriação da fazenda Cuiabá, em Sergipe, série: "Trabalhadores", 1996

NEO-CONCEITUALISMO 

Revisão histórica da proposição conceitual

Ao revisar a História da Arte é possível compreender mais profundamente as origens da fotografia conceitual e como ela se desenvolveu a partir de movimentos artísticos anteriores. Além disso, essa análise permite entender como a fotografia conceitual se posiciona no contexto da História da Arte e suas tendências para o futuro, à medida que continua a evoluir e se adaptar às mudanças na percepção e na prática da fotografia como forma de expressão artística.

O pós-conceitualismo não tem um marco temporal específico de início, pois emerge gradualmente como uma resposta às práticas e ideias do conceptualismo. No entanto, podemos observar exemplos de obras pós-conceituais surgindo nas décadas de 1980 e 1990, e continuando até os dias atuais. É importante reconhecer que o movimento continua a evoluir e se transformar conforme novos artistas e ideias surgem na cena artística contemporânea. 

Principais características e temas abordados

Ênfase no conceito


Uma das características mais distintivas da fotografia conceitual é a primazia do conceito sobre a técnica ou a estética visual. Os artistas conceituais utilizam frequentemente a fotografia como um meio de explorar ideias, conceitos e questões filosóficas, transmitindo mensagens abstratas e complexas por meio da imagem fotográfica.

Podemos estruturar uma análise abrangente de uma fotografia conceitual, identificando como ela se encaixa no contexto do conceitualismo artístico e como utiliza recursos fotográficos de forma enfática para transmitir seu conceito central, ao combinar os seguintes aspectos: 


Conceito Explícito ou Temático

Metáfora Visual

Uso de Simbolismo

Narrativa Visual

Abstração e Ambiguidade

Subversão de Expectativas

Contexto e Intertextualidade

Intencionalidade do Artista


Wolfgang Tillmans,Série: "Concorde Grid"1997
Samuel Fosso, "Autoportrait From the series -Black Pope", 2017

Subjetividade e interpretação


A fotografia conceitual muitas vezes envolve uma forte dose de subjetividade e interpretação por parte do espectador. As obras conceituais desafiam frequentemente os espectadores a refletirem sobre o significado e a intenção por trás da imagem, convidando-os a participar ativamente na construção do sentido da obra.

No pós-conceitualismo, há uma ênfase renovada na participação ativa e colaborativa do espectador na criação e interpretação da obra de arte. Os artistas podem criar experiências imersivas ou interativas que convidam o espectador a se envolver diretamente com questões sociais e políticas, promovendo um maior senso de empatia, reflexão e engajamento crítico.

Para analisar uma fotografia conceitual e identificá-la como propositalmente "subjetiva" no sentido de pertencimento ao conceitualismo no uso do recurso fotográfico, considere os seguintes aspectos:


Ambiguidade Visual

Ausência de Contexto Explícito

Uso de Metáforas Visuais

Exploração de Emoções e Sensações

Estilo e Técnica Fotográfica

Interpretação Pessoal do Espectador

Intencionalidade do Artista

Felix Gonzalez-Torres, "Untitled", 1991
Lorna Simpson, "Guarded Conditions", 1989

Crítica institucional e social 


Muitas obras de fotografia conceitual são críticas em relação às instituições da arte, à sociedade e à cultura em geral. Os artistas conceituais frequentemente utilizam suas obras para levantar questões importantes e provocativas sobre temas como poder, identidade, gênero, raça, política e globalização.

Para analisar uma fotografia conceitual e identificá-la como propositalmente "Crítica institucional e social" no sentido de pertencimento ao conceitualismo no uso do recurso fotográfico, você pode considerar os seguintes aspectos:


Temática da Crítica Social

Símbolos e Metáforas Visuais

Contexto Histórico e Cultural

Desconstrução de Narrativas Dominantes

Questionamento de Instituições e Poderes Estabelecidos

Estilo e Estética Subversiva

Engajamento do Espectador

Intencionalidade do Artista

Ai Weiwei, série: "Study of Perspective" - "The White House", 1995–2003
Martin-Parr, "Untitled-New-Brighton" 1983-85

Desconstrução da realidade


A fotografia conceitual muitas vezes desafia a noção de realidade objetiva, explorando as maneiras pelas quais a fotografia pode ser usada para distorcer, subverter ou reconfigurar a percepção da realidade.

Os artistas conceituais frequentemente brincam com a manipulação da imagem, criando obras que desafiam as expectativas do espectador e questionam a veracidade da representação fotográfica.


Para analisar uma fotografia conceitual e identificá-la como propositalmente envolvida na "Desconstrução da realidade" no sentido de pertencimento ao conceitualismo no uso do recurso fotográfico, você pode considerar os seguintes aspectos:


Manipulação da Imagem

Contraste entre Realidade e Ficção

Exploração de Ilusões Ópticas

Incorporação de Elementos Surreais

Narrativa Fragmentada ou Não Linear

Uso de Simbolismo e Metáforas

Questionamento da Veracidade Fotográfica

Intencionalidade do Artista

Hiroshi Sugimoto, "Earliest Human Relatives", 1994
Julian Charrière & Julius von Bismarck, "Canyonlands, We Must Ask You to Leave ",2018


Experimentação e inovação técnica


Os artistas da fotografia conceitual experimentam frequentemente com uma variedade de técnicas e processos fotográficos, explorando novas maneiras de criar e apresentar imagens que desafiam as expectativas do espectador.

Para analisar uma fotografia conceitual e identificá-la como propositalmente envolvida em "Experimentação e inovação técnica" no sentido de pertencimento ao conceitualismo no uso do recurso fotográfico, você pode considerar os seguintes aspectos:


Técnicas Fotográficas Não Convencionais

Manipulação Digital

Montagem e Colagem

Performance Fotográfica

Apropriação de Imagens

Experimentação com Meios Analógicos e Digitais

Desconstrução da Fotografia Tradicional

Richard Mosse, "Men of Good Fortune" (Infra series), 2011 
Thomas Mailaender, "Illustrated People", 2011

Hibridização de mídias

No neo-conceitualismo, vemos uma maior hibridização de mídias e uma integração mais estreita da fotografia com outras formas de expressão artística, como instalação, escultura, performance, vídeo, entre outras. Isso pode levar a uma abordagem mais expansiva e interdisciplinar das questões sociais e políticas, permitindo que os artistas explorem esses temas de maneiras mais criativas e inovadoras. 

Sigmar Polke, "Bunnies", 1966
Christian Boltanski, "Lycée Chases", 1987

O PAPEL DO AUTOR NA FOTOGRAFIA CONCEITUAL

Questionamentos sobre autoria, subjetividade e legitimidade

Ao aprofundar o conhecimento sobre a fotografia conceitual é fundamental explorar os aspectos e questionamentos, que fornecem insights valiosos sobre a natureza da criação artística e as complexidades da expressão conceitual na fotografia contemporânea. 

Questionamentos sobre autoria

Na fotografia conceitual, o conceito muitas vezes é considerado mais importante do que a técnica ou a habilidade técnica do fotógrafo.

Os artistas conceituais frequentemente questionam as noções tradicionais de autoria, explorando a colaboração, a apropriação e a manipulação de imagens para transmitir suas ideias.

Thomas Ruff,  "Nudes ez14", 1999-2002

Exploração da subjetividade

A fotografia conceitual muitas vezes envolve uma forte dose de subjetividade por parte do autor, que pode utilizar suas experiências pessoais, crenças e perspectivas para informar o conteúdo e o significado de suas obras.

A subjetividade do autor pode influenciar a interpretação da obra pelo espectador, levando a uma variedade de significados e associações possíveis.

Roger Ballen, "Flattened", 2020

Desafios à originalidade

A originalidade na fotografia conceitual muitas vezes é questionada, uma vez que os artistas frequentemente utilizam estratégias como a apropriação de imagens ou a recontextualização de materiais existentes.

Os artistas conceituais podem explorar a ideia de originalidade de maneiras que desafiam as noções convencionais de autoria e criatividade, questionando o que constitui uma obra de arte original na era da cultura visual digital.

Richard Prince,"Untitled (Portrait), 2014

Exploração do "campo expandido" da fotografia 

O conceito de "O Campo Expandido da Fotografia", introduzido por Rosalind Krauss em seu ensaio de 1979, "Photography's Expanded Field", é uma tentativa de redefinir e expandir os limites da fotografia como uma forma de arte. Anteriormente, a fotografia era vista principalmente como um meio para capturar a realidade de maneira objetiva, mas Krauss argumenta que a fotografia pode transcender essas limitações e se tornar um meio artístico mais complexo e conceitual.

Krauss propõe que a fotografia pode ser entendida em relação a uma série de campos expandidos, que incluem não apenas a fotografia tradicional, mas também formas de arte relacionadas, como instalação, performance e escultura. Esses campos expandidos exploram as fronteiras entre a fotografia e outras formas de expressão artística, desafiando as noções tradicionais de fotografia como simplesmente a captura de uma imagem estática.


Muitos dos artistas a seguir têm formação em outras áreas além da fotografia e a câmera é apenas mais uma ferramenta. Eles não são limitados pelas convenções da fotografia e são influenciados por várias tradições, como a arte conceitual. A motivação dominante, no entanto, surge dos meios de comunicação de massa. Reconhecendo a impossibilidade de qualquer interrogação da cultura contemporânea sem se referir a esta força, estes artistas abraçaram a fotografia como o meio mais imediato e relevante para as suas preocupações actuais.


Duane Michals,"Paradise Regained", 1968

O PAPEL DO ESPECTADOR

A interpretação da obra fotográfica conceitual e sua relação com o contexto cultural e social

A fotografia conceitual continua a ser uma forma de arte vibrante e dinâmica que desafia e inspira os espectadores a se engajarem com questões profundas e urgentes da experiência humana.

Alguns aspectos importantes a serem observados para se ter um panorama da recepção da fotografia conceitual e as transformações históricas.

Contexto cultural e social

A recepção da fotografia conceitual é fortemente influenciada pelo contexto cultural e social em que é criada e exibida. Questões como identidade, política, gênero e globalização desempenham um papel significativo na interpretação das obras.

Transformações históricas, como mudanças nas percepções sociais e culturais ao longo do tempo, afetam como as obras de fotografia conceitual são recebidas e compreendidas pelos espectadores.

Hank Willis Thomas, série: "Unbranded A Century of White Women, 1990-2015", 2015
Shirin Neshat, "Rebellious Silence",1994

Intertextualidade e referências

Muitas obras de fotografia conceitual fazem referência a outras formas de arte, teoria crítica e cultura popular. A compreensão dessas referências e intertextualidades pode enriquecer a experiência do espectador e fornecer insights mais profundos sobre as obras.

A capacidade do espectador de reconhecer e interpretar essas referências pode variar dependendo de sua familiaridade com o contexto cultural e as obras de arte relacionadas.

Victor Burgin, "Section from Office at Night", 1986 
Cindy Sherman, "Untitled #224", 1990

Participação ativa do espectador

A fotografia conceitual muitas vezes desafia as expectativas do espectador e exige uma participação ativa na interpretação da obra. O espectador é convidado a se envolver intelectual e emocionalmente com a obra, explorando suas camadas de significado e reflexão.

A abertura à ambiguidade, interpretação subjetiva e múltiplas leituras é uma característica fundamental da fotografia conceitual, incentivando o espectador a questionar suas próprias percepções e pressupostos.


Philip-Lorca diCorcia, "Tim Morgan Jr., 21 years old, Los Angeles, California, $25 / Joe Egure, 18 years old, Los Angeles, California, $25", 1990

Santiago Sierra, Veteran of the Wars of Cambodia, Rwanda, Bosnia and Kosovo Facing the Corner, 2013. Dimensões: 200 x 100 cm

Evolução da prática artística

Ao longo do tempo, a recepção da fotografia conceitual tem sido moldada pela evolução da prática artística e pelas mudanças nas tecnologias e convenções da fotografia.

Novas abordagens, técnicas e temáticas emergem continuamente na fotografia conceitual, desafiando e expandindo as fronteiras da arte fotográfica e da experiência do espectador.

Osang Gwon, Bust (YW), 2016. C-print, Mixed media, 70x64x40cm
Boris Eldagsen,"The Electrician",  Pseudomnesia series, 2022

REVISÃO DE APONTAMENTOS GERAIS

O panorama dos aspectos gerais da fotografia conceitual revela uma forma de arte dinâmica e multifacetada que desafia as convenções tradicionais da fotografia e da expressão artística. Ao longo de sua história, a fotografia conceitual tem evoluído em resposta a mudanças sociais, culturais e tecnológicas, refletindo e influenciando as transformações do mundo ao seu redor.

A fotografia conceitual emerge das raízes de movimentos artísticos anteriores, como o dadaísmo, o surrealismo e a arte conceitual, assimilando e reinterpretando ideias e técnicas para criar uma linguagem visual própria. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, vemos a consolidação da fotografia conceitual como uma prática artística distinta, impulsionada por eventos e movimentos sociais, avanços tecnológicos e mudanças nas percepções sociais e culturais.

Exploramos as diferentes abordagens e técnicas utilizadas pelos artistas da fotografia conceitual, desde a montagem e a manipulação digital até a performance e a apropriação de imagens, destacando como essas estratégias desafiam as convenções artísticas e institucionais, questionando autoria, originalidade e valor artístico.

Além disso, examinamos a influência da fotografia conceitual na transformação das práticas curatoriais, educacionais e críticas no campo da arte contemporânea, bem como seu impacto na evolução da fotografia digital, da arte baseada em mídia e das discussões sobre imagem, representação e cultura visual.

Por fim, refletimos sobre o papel do espectador na interpretação da obra fotográfica conceitual e sua relação com o contexto cultural e social, destacando como a participação ativa do espectador é essencial para a compreensão e apreciação plena dessas obras.

Neste panorama abrangente, fica evidente que a fotografia conceitual continua a desafiar fronteiras e a inspirar reflexões profundas sobre questões fundamentais da experiência humana. Sua capacidade de provocar, engajar e transformar a percepção do mundo ao nosso redor torna-a uma forma de arte verdadeiramente impactante e duradoura.

ANOTAÇÕES

A superfície da fotografia 

Intervenções literais e manipulação visual

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O formato físico: tamanho e suporte

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Análise formal

Diferenciando "Plástica" e "Estética"

Ao analisar uma imagem, é importante considerar tanto seus aspectos formais quanto interpretativos, buscando entender como estes se inter-relacionam para criar uma experiência visual rica e significativa. 

A compreensão dos elementos plásticos permite uma análise mais profunda da estética da imagem, enquanto a apreciação estética leva a uma valorização mais completa da técnica e da composição. 

Visão crítica e reflexiva da fotografia

Disciplinas como a Semiótica, a Análise do Discurso e os Estudos Culturais oferecem ferramentas valiosas para a análise crítica da fotografia, complementando a dimensão estética com perspectivas interdisciplinares. 



A Estética na fotografia não se limita à subjetividade e à beleza. Ao incorporarmos a Filosofia da Arte e disciplinas interdisciplinares à nossa análise, podemos desvendar os múltiplos significados das imagens, questionar seus impactos e construir uma visão crítica e reflexiva da fotografia em suas diversas vertentes. 


Modelo de Estrutura de Apresentação e Análise Preliminar de uma Fotografia Artística para Fins Documentais e Museológicos:

I. Identificação:

II. Descrição Formal:

III. Análise e Interpretação:

IV. Considerações Adicionais:

V. Documentação Fotográfica:

VI. Anotações e Observações:

Observações:

Lembre-se: