Visão geral

Alexandre 

Mury 

Ressignificando Identidade, Cultura e História da Arte 

Alexandre Mury é um artista visual multidisciplinar que utiliza uma variedade de materiais e técnicas, incluindo materiais alternativos e experimentais. O trabalho de Mury se destaca com a fotografia, o autorretrato e a performance. Ele propõe posições interrogativas e subversivas, utilizando a apropriação de personagens da cultura popular, mitos, vultos históricos e até mesmo a personificação de animais e plantas, explorando a ressignificação e questionando conexões entre Identidade, Cultura e História da Arte


Alexandre Mury alcançou destaque por meio de seus 'tableaux vivants', nos quais recria obras canônicas de renomados artistas da história da arte. Além da documentação visual das performances, na preocupação com o arranjo estético e estilístico, Mury incorpora desenhos, pinturas, esculturas, instalações e cenografia, explorando o campo expandido da fotografia. Suas obras provocam reflexões complexas sobre temas como cultura popular, identidade e a própria noção de 'eu'. Além da presença insinuante da literatura e da filosofia, a intencionalidade de cada elemento no seu trabalho é permeada por referências às teorias semioticistas e estudos de linguagem. 


As obras de Alexandre Mury são marcadas por um aguçado senso de ludicidade e lirismo. Seu método consiste em uma transgressão elaborada que combina assunto e técnica, evocando elementos como ironia, apropriação, pastiche e kitsch. Seu trabalho, enraizado nas tradições do conceptualismo e do neo-conceitualismo, transcende fronteiras categóricas, gerando reflexões críticas e teóricas. A noção de autorretrato é subvertida de forma radical em suas obras, desconstruindo a autoimagem e criando efeitos de humor e tensão. Ao fazer referência a imagens icônicas, ele joga com opostos: entre a reverência aos cânones e a iconoclastia. Mury não apenas revisita tradições passadas, mas também as recontextualiza, refletindo as complexidades e desafios urgentes do mundo contemporâneo.


Mury mergulha em sua autobiografia explorando as complexidades da memória. Através do uso da teatralidade, ele cria composições visuais em que o artifício se entrelaça com o significado mais profundo. Sendo persistente na investigação do papel da linguagem na arte, ele explora as narrativas implícitas nos estereótipos de personagens, questionando os valores culturais e a política do corpo. Nesse processo, ele se torna tanto autor quanto ator de sua própria obra, com seu corpo transitando entre ser 'objeto da arte' e 'objeto de arte'. Essa meta-reflexão, híbrida, fragmentada, crítica, poética, simbólica e autorreferencial, insere sua arte na condição histórico-ontológica para a produção da arte contemporânea.


A prática artística, fundamentada na teatralidade e na autoexploração, incentiva uma reflexão profunda sobre as interseções entre arte e vida. O mesmo anteparo da caracterização que impede o acesso à personalidade do artista também carrega consigo os índices e signos culturais que desvelam o indivíduo antropológico. Alexandre Mury é frequentemente comparado a artista americana Cindy Sherman, uma figura importante da chamada 'Pictures Generation' (1970 e 1980), ambos exploram não apenas a identidade, mas também a natureza da representação e o conceito de 'Apropriação' na Arte. Além disso, Mury assemelha-se a outros artistas relevantes, como Claude Cahun, na França; Luiggi Otani, na Itália; Samuel Fosso, na África; e Yasumasa Morimura, no Japão. Essas afinidades podem ser observadas em diversos aspectos: formais, estilísticos, iconográficos e temáticos.


O 'Manifesto Antropofágico' (década de 1920) continua a influenciar a arte brasileira, inclusive a obra de Alexandre Mury, que cria uma arte autenticamente questionadora da natureza da arte, representando uma verdadeira 'devoração crítica'. Uma de suas obras mais conhecidas é 'Abaporu' (2010), uma releitura da icônica obra de Tarsila do Amaral, criada em 1928. Mury desafia seus espectadores na sua estratégia estética, o seu método é uma elaborada transgressão que 'fricciona' com a 're-visão' da arte, em um processo bidirecional: o autor reinventa e o espectador reinterpreta, promovendo inúmeras recontextualizações.


Seja como "pintura viva" ou "escultura viva", como em 'Cristo Redentor' (2010); Mury tenciona com a "body art", a exemplo da videoperformance 'Lisa' (2013); as obras reformuladas, ora pelo desvio paródico, como em 'A Duquesa Feia' (2011); ora dramático, como em 'Francis Bacon' (2011) ou um simulacro conspícuo, como em 'Aopkhes' (2014). A Fotografia Conceitual, uma vertente derivada da Arte Conceitual, é um dos meios de expressão mais reconhecidos de Mury. Ao transformar o próprio ato de fotografar em uma performance, o artista expande os limites da arte, atravessando diferentes campos. Essa abordagem reflete a essência da 'Arte Contemporânea', caracterizada pela ausência de um princípio organizador uniforme, ideologia ou 'ismo'. Alexandre Mury produz arte no tempo que vive e vive a arte no tempo que produz.


No currículo de Alexandre Mury destacam-se importantes exposições individuais, sendo uma delas a mostra 'Fricções Históricas'. Essa exposição teve duas edições: a primeira em 2013, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, e uma versão ampliada realizada em 2015 no SESC Glória, em Vitória–ES. A mostra contou com a curadoria de Vanda Klabin. Também vale destacar a participação de Alexandre Mury em importantes exposições coletivas, como a mostra 'Genealogias do Contemporâneo' (2012) realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio). Nessa exposição, Mury compartilhou espaço com renomados artistas como Di Cavalcanti e Paulo Nazareth, sob a curadoria de Luiz Camillo Osorio; a exposição “Espelho Refletido – O Surrealismo e a Arte Contemporânea Brasileira” (2012), no Centro de Arte Helio Oiticica, no Rio de Janeiro, que teve a curadoria de Marcus Lontra, expôs ao lado de artistas importantes como Rodrigo Braga, Ernesto Neto e José Damasceno; e em 2015/16 "Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil", com curadoria de Vanda Klabin, expôs ao lado de Berna Reale, Gustavo Speridião, Arthur Scovino, entre outros, sempre ao lado de grandes artistas da arte contemporânea brasileira.


Alexandre Mury foi indicado ao Prêmio Pipa em 2016 e suas obras estão presentes nos acervos de prestigiadas instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio), o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu da Fotografia Fortaleza (MFF). O trabalho do artista é amplamente reconhecido e valorizado no meio escolar e acadêmico, sendo frequentemente referenciado em livros didáticos, monografias, dissertações e teses como objeto de estudo e análise. Mury possui graduação em Comunicação Social e iniciou o mestrado em Comunicação e Cultura pela UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele nasceu em São Fidélis, uma cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, onde atualmente reside e trabalha.

A pose diante da obra de Marcel Duchamp sugere a postura de quem está prestes a fazer uso do urinol. O artista Alexandre Mury atuando num gesto performático que reverte o mictório de Duchamp à sua função original, ironizando a ideia do readymade e explorando a proposta conceitual do artista.  A ideia de uma releitura reversa ou inversão do objeto  destaca a ironia e a provocação presentes na ação.
Registro Fotográfico feito em 2019, por Igor Campista

Inversão reversa do ready-made Alexandre Mury, no SFMOMA (San Francisco Museum of Modern Art, São Francisco, Califórnia, EUA), em 2019, diante da icônica obra de Marcel Duchamp, "A fonte", 1917, insinuando a atitude de urinar. A inspiração para o gesto foi a intervenção/performance de David Hammons, fotografado por Donna Svennevik, em 1980-81, intitulada Pissed Off (Hammons faz xixi no T.W.U. de Richard Serra na Franklin Street e West Broadway, Nova York).

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Alexandre Mury é um artista brasileiro

Fotografia contemporânea é um termo usado para descrever o trabalho de Mury, que é um multiartista.

Autorretrato: essa é uma das principais áreas de atuação de Mury.

Performance: Alexandre Mury também é conhecido por suas performances.

Identidade: essa é uma das principais temáticas do trabalho de Mury.

Cultura: essa é outra temática importante no trabalho de Mury.

História da arte: Alexandre Mury explora a história da arte em seu trabalho.

Ludicidade: essa é uma característica marcante do trabalho de Mury.

Ironia: Alexandre Mury usa a ironia para explorar temas sérios.

Apropriação: Alexandre Mury usa a apropriação para subverter imagens icônicas.

Autorretrato: Alexandre Mury explora a noção de autorretrato de forma radical.

Narrativa: Alexandre Mury explora as narrativas implícitas nos estereótipos de personagens.

Estilo: Alexandre Mury explora os estereótipos de personagens para questionar os valores culturais.

Corpo: Alexandre Mury usa seu corpo como uma ferramenta artística.

Cindy Sherman: Alexandre Mury é frequentemente comparado a Cindy Sherman, uma artista americana que explora a identidade, a representação e a apropriação.

Cena contemporânea: Alexandre Mury é um artista importante na cena contemporânea brasileira e internacional.

O seu processo permanente de se apropriar e realinhar os ícones históricos da arte e inseri-los em outra estratégia discursiva pode ser uma forma de negá-los, já que vai reinscrevê-los em ritmadas oposições. Problematiza, aciona novos significados para o trabalho de arte, deslocando o seu posicionamento histórico, quebrando as fronteiras de recepção que temos desses ícones e recolocando a emergência dessa imagem em circulação e reenervar a superfície representacional atrás de diversos procedimentos, numa vitalidade insuspeitada. ” 



em "FRICÇÕES HISTÓRICAS"

por Vanda Klabin (Historiadora da Arte e Curadora)

Trecho do texto do catálogo da exposição individual do artista Alexandre Mury

na Caixa Cultural do  Rio | 2013

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Na articulação de uma linguagem própria, ele aproxima imagens cultas e triviais, sacras e profanas, sublimes e banais, que superpõem mundos diversos e solicitam a memoria do espectador/interlocutor para a produção de sentido. A arte fala sobre a arte, o presente desliza no passado e vice-versa. É neste caráter dialógico da obra, que o artista escreve seu próprio tempo e identidade.” 



em "EU SOU A PINTURA"

por Elisa Byington (Historiadora da Arte e Curadora)

Trecho do texto para a exposição individual do artista Alexandre Mury

 na Athena Contemporânea Galeria | 2014

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A reinvenção operada por essas fotografias convoca a memória e deflagra um olhar crítico, interpretativo. Se toda a obra de Mury é uma constante reinvenção do mundo, a cada visada para os seus trabalhos temos a chance de reinventar o nosso próprio olhar para um universo que parecia estanque, dado, catalogado, já visto e estabelecido.” 



em "UM MUNDO REINVENTADO" 

por Luisa Duarte (Curadora)

Trecho do texto do catálogo da exposição individual do artista Alexandre Mury

na Galeria Laura Marsiaj | 2011

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Por entre tantos personagens díspares e seus cenários inusitados o conjunto todo formando um inédito cosmorama encontra-se conforto na presença do semblante de Mury; ele está lá para receber cada observador e para, no mesmo movimento, lançar-lhe de soslaio, um olhar que faz enigma. De dentro da obra, tal qual em sua câmara fotográfica, abre e fecha o seu obturador para, através de suas lentes, receber invertida a imagem que deixa àquele que vislumbra.



em "MURY ATRAVÉS DO ESPELHO"

por Guilherme Gutman (curador)

Ensaio sobre a obra de Alexandre Mury publicado na  revista

Santa Art Magazine #08 | 2012

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o seu trabalho é feito de um duplo ato criativo, no qual em movimentos simultâneos ele desmente o desaparecimento do original no mesmo instante em que lhe faz substituído pela novidade dos elementos que encena. Mas ele não está sozinho. Quem suportaria a vida se não acreditasse que nem tudo já foi feito e que, por isso mesmo, é possível acrescentar algo novo ao mundo? a possibilidade desse ato criativo, que nesse ponto se confunde com a obtenção do sentido de estar no mundo, está fortemente presente em Mury.” 



em "MURY ATRAVÉS DOS TEMPOS"

por Guilherme Gutman (curador)

Ensaio sobre a obra de Alexandre Mury publicado na revista

Santa Art Magazine #08 | 2012

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Antes, para além de sua presença, sua subjetividade se delineava à medida em que colecionava imagens e ao conjugar acréscimos e subtrações nas releituras. Agora, ela corre outros riscos, manifestando-se desde o esquema norteador até as minúcias de cada mise en scène. Ainda que a imaginação tenha agora mais peso do que a memória, permanece o diálogo cerrado com a História da Arte, anunciado desde a primeira hora de sua trajetória. 



em "O CATADOR NA FLORESTA DE SIGNOS"

por Roberto Conduru (curador)

texto do catálogo da exposição individual do artista Alexandre Mury

na Galeria Roberto Alban | 2015

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Sites com referências sobre vida e obra do artista

Link de acesso à página do artista Alexandre Mury no site ArtFact.